Escrito por: Congresso em Foco
A intenção da campanha é arrecadar fundos para a aquisição de itens tidos como indispensáveis para a proteção dos povos indígenas, extrativistas, ribeirinhos e quilombolas
A sociedade civil tem se organizado desde o início da pandemia para garantir aos mais vulneráveis acesso aos itens básicos para proteção contra a covid-19. Após os vetos do presidente Jair Bolsonaro à lei 14.021, de 2020, que prevê amparo aos povos da floresta durante a pandemia, o que se viu foi a intensificação dessas ações.
Um dos projetos que vinha caminhando, mas que tomou uma proporção ainda maior após os vetos do presidente, é o Empate 2020 - Povos da floresta na luta contra a covid-19. A intenção da campanha é arrecadar fundos para a aquisição de itens tidos como indispensáveis para a proteção dos povos indígenas, extrativistas, ribeirinhos e quilombolas - com kit contendo álcool em gel e máscaras.
Além disso, o grupo deseja ajudar na aquisição de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), destinados à segurança dos agentes de saúde e de seus pacientes.
Os itens são os mesmos que o governo Bolsonaro seria obrigado a fornecer, se não tivesse vetado 22 trechos da lei aprovada no Congresso.
"Há uns dois meses a gente vem percebendo a entrada da covid nas comunidades e ao mesmo tempo que a gente vem vendo também algumas campanhas para ajudar os povos indígenas de todo o Brasil. A gente começou a pensar então como a gente poderia ajudar as comunidades tradicionais e os povos indígenas aqui do Acre também. Então há dois meses a gente começou a planejar essa campanha", declarou ao Congresso em Foco Angela Mendes, coordenadora do comitê que leve o nome do seu pai, Chico Mendes, e uma das pessoas à frente da campanha.
"As populações tradicionais e os povos indígenas do Acre vêm sofrendo forte impacto com o avanço da Covid-19. A pandemia tem escancarado a desigualdade social e atingido de forma mais aguda comunidades que estão em situação de vulnerabilidade. Os povos que vivem na floresta hoje têm o desafio não só de manter seus modos de vida tradicional e de preservar a nossa biodiversidade, como também de se manterem vivos, impedindo a chegada e a proliferação do vírus", diz a chamada da campanha.
Angela explica que os problemas que os povos que vivem na floresta enfrentam são muito semelhantes em todo o país. "Os gargalos são muito parecidos no Brasil todo, porque o levantamento que a gente fez aqui dentro das reservas ou dentro das comunidades indígenas, quando se trata de atender as demandas elas são muito parecidas. As necessidades são muito parecidas", disse a ambientalista, que coloca na ação do voluntariado a saída possível, diante das faltas do governo. "A gente já percebeu, é claro, que o governo não tem nenhuma vontade em atender as necessidades dos povos indígenas, dos povos da floresta. Enquanto ele puder não ajudar, ele não vai ajudar".
A campanha pretende arrecadar R$ 1 milhão, para ajudar 3.638 famílias. Para conhecer ou cooperar com a campanha, basta entrar nesse link aqui.