Escrito por: Walber Pinto e Rafael Silva

Estudantes sofrem violência da PM em ato contra privatização do ensino em SP

Mesmo diante da chuva e repressão da polícia militar, os estudantes e professores não arredaram o pé e ecoaram o grito contra a privatização da educação pública

Roberto Parizotti/CUT

A polícia militar do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) reagiu com violência e truculência contra professores e estudantes, que protestavam contra a privatização das escolas públicas estaduais, nesta segunda-feira (4), em frente à Bolsa de Valores, em São Paulo. O ato ocorre no mesmo dia em que o governador realiza o leilão do segundo lote para privatizar 16 unidades de ensino.  

“Isso é uma vergonha, uma incapacidade, uma incompetência desse governador de administrar as escolas públicas. E pior, vendeu o primeiro lote para uma empresa que está dando problemas na gestão dos cemitérios, por 14 milhões de reais. Nós temos uma liminar, que foi derrubada, mas vamos conseguir ganhar no mérito os dois lotes”, disse a professora Bebel, deputada estadual (PT) e segunda presidenta da Apeoesp, durante o ato.

O leilão do primeiro lote chegou a ser suspenso na última quarta-feira (30) por uma liminar concedida pela Justiça, a pedido do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp). Contudo, a medida foi derrubada no dia seguinte pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. Em protesto, o sindicato pode decretar greve contra a privatização do ensino público.

A empresa vencedora do primeiro leilão ao qual Bebel se refere é o Consórcio Novas Escolas Oeste SP que tem como empresa líder a Engeform Engenharia LTDA, a mesma que venceu a licitação para administrar sete cemitérios da capital, cuja gestão vem sendo alvo de denúncias de preços superfaturados de caixões e enterros, num total desrespeito aos mortos e a seus familiares.

Júlia Cachos, estudante do ensino técnico e coordenadora geral da Federação Nacional dos Estudantes de Ensino Técnico de São Paulo (FENET), afirmou ser um crime a entrega de escolas públicas para o setor privado e convocou a população a ir às ruas.

“Na nossa avaliação o que está acontecendo aqui é mais um crime contra a educação. A mobilização dos professores e estudantes na semana passada garantiu uma liminar na justiça que dizia que o leilão era um crime, um absurdo, mas o aparato do estado garantiu que a justiça voltasse atrás. Então a única coisa que pode garantir que as escolas não sejam leiloadas é a mobilização nas ruas”, disse.

Mesmo diante da chuva e repressão da polícia militar os estudantes e professores não arredaram o pé e ecoaram o grito contra a privatização das escolas. O ato terminou em frente da secretaria estadual de educação, na Praça da República, centro da capital paulista.

Leilão das escolas

O projeto Novas Escolas prevê 33 unidades, divididas em dois lotes, e cada concessionária ficará com um lote. Elas vão atender 35 mil estudantes dos ensinos fundamental e médio.

O parceiro privado ficará encarregado de criar centros educativos com ambientes integrados, tecnologia, espaços de inovação e de estudo individual, por exemplo.

Outras privatizações

Além da educação, Tarcísio quer aprofundar a privatização em outros setores. Como, por exemplo, o leilão da Rota Sorocabana, que prevê 460 quilômetros de 12 rodovias. Em 28 de novembro, mais estradas vendidas: 93 quilômetros da Nova Raposo deverão ser repassados ao setor privado. Antes, no dia 1º de novembro, será realizado o leilão da loteria estadual.