SP tem aumento de internados com mais de 70 anos e Delta pode explodir no estado
Centro de Contingência do Coronavírus, que orientava o governo de SP no combate à Covid-19, foi desmantelado por Doria em meio a discordâncias de seus membros com o afrouxamento das regras de distanciamento
Publicado: 19 Agosto, 2021 - 12h43
Escrito por: Redação CUT
Em meio ao afrouxamento das medidas restritivas contra a disseminação da Covid-19 no estado de São Paulo, aumentam as internações de pessoas com mais de 70 anos diagnosticadas com a doença, e especialistas alertam para uma nova explosão de casos da variante Delta partir de setembro se nenhuma medida for tomada.
Nesta quarta-feira (18), o Brasil ultrapassou a marca de mil casos confirmados da variante indiana do novo coronavírus, que é mais transmissível e já está levando vários países e retomar medidas de isolamento social mais duras. A alta no número de casos foi de 84% em relação aos 570 diagnósticos positivos para a cepa divulgados na semana passada.
Em São Paulo, mesmo com o avanço da vacinação, mais de 60% dos pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) com Covid-19 na rede particular de hospitais do estado de São Paulo têm mais de 70 anos, segundo levantamento feito pelo Sindicato dos Hospitais Particulares de São Paulo (SindHosp). Os números de pacientes com mais de 70 anos correspondem a 52% do total.
A pesquisa foi feita entre 12 e 17 de agosto em 60 hospitais privados paulistas, sendo 27% da capital e 73% do interior e que somam 2.470 leitos de UTI e 4.762 leitos clínicos.
Uma outra preocupação dos especialistas é que, segundo a pesquisa feita pela Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Estadual Paulista (Unesp), 91% dos hospitais privados entrevistados afirmaram não estarem testando os diagnosticados com Covid para a variante Delta.
A cepa indiana já corresponde pelo menos 4% dos casos confirmados do novo coronavírus no estado, e mais de 25% na Grande São Paulo. Até agora, nenhuma medida para frear a variante vem sendo tomada pelo governo paulista. Muito pelo contrário, o governador João Doria (PSDB) vem sendo criticado por esvaziar o grupo de especialistas quem lançam estratégia contra a pandemia.
Doria esvazia grupo científico contra a Covid-19
Em meio a preocupação com o avanço da Delta, o Centro de Contingência do Coronavírus, criado há um ano e meio, que orientava o governo de São Paulo no combate à Covid-19, foi desmantelado por discordâncias de seus membros com o afrouxamento das regras de distanciamento social no estado.
Desde terça-feira (17), o governo de São Paulo anunciou que não há mais restrições na capacidade de ocupação e no horário de funcionamento de comércios e serviços.
O comitê foi criado em fevereiro de 2020 logo depois da identificação do primeiro caso de Covid-19 no Brasil, quando Doria queria se diferenciar (e atrair apoio político) do negacionismo do presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL) que chamava a pandemia de gripezinha.
O centro tinha como função analisar a situação epidemiológica e deliberar sobre quais medidas deveriam ser tomadas. A iniciativa, que contava com 21 integrantes, entre médicos, professores e gestores na área da Saúde, era usada por Doria para defender a ciência e tomar decisões impopulares como o fechamento do comércio, ao contrário do que fazia Bolsonaro.
Os especialistas criticam o que chamam de “euforia de fim de guerra” contra a Covid-19, a reabertura apressada das atividades e o anúncio da volta de shows e eventos esportivos. No lugar do grupo, foi anunciado um comitê científico formado por sete nomes alinhados ao governo.
Delta faz estrago no Rio de Janeiro
Com o avanço da variante Delta e o relaxamento das medidas de restrição no Rio, sete cidades do Estado estão com as UTIs de Covid-19 lotadas. Com o aumento da demanda, tanto a rede privada quanto a pública correm para reabrir leitos.
Em todo o estado, a ocupação subiu de 59% para 70% nos últimos 20 dias. Os municípios com todas as vagas cheias são Itaguaí (região metropolitana), Teresópolis, Nova Friburgo, Cantagalo (região serrana), Bom Jesus do Itabapoana, Itaperuna e Miracema (noroeste fluminense), segundo os dados mais recentes, desta segunda (16).
A Secretaria Estadual de Saúde manifestou preocupação com um "possível enfrentamento de uma nova onda de contágio da Covid-19" devido à variante Delta.
Estima-se que a Delta já seja a variante mais comum no estado desde que um relatório da própria secretaria. A variante foi encontrada em 60% dos pacientes com Covid no Rio. A secretaria cita o chamamento público feito pela própria pasta que visa à contratação de 150 leitos — sendo 100 de UTI e 50 de enfermaria.
Dados da pandemia
Nesta quarta-feira (18) foram registradas 1.064 mortes e 41.714 novos casos de Covid-19 no Brasil, segundo dados divulgados pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).
Com a atualização, o país soma 571.662 mortes e 20.457.897 infecções pelo novo coronavírus desde o início da pandemia, em março de 2020.