STF manda PF ouvir ex-estagiária de Lewandowski que informava blogueiro
Ex-estagiária do gabinete de Lewandowski é apontada como informante do blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, alvo do inquérito das fake news e também de inquérito o financiamento de atos antidemocráticos
Publicado: 06 Outubro, 2021 - 14h32 | Última modificação: 06 Outubro, 2021 - 14h46
Escrito por: Redação CUT
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou nesta quarta-feira (6) que a Polícia Federal que colha o depoimento de Tatiana Garcia Bressan, ex-estagiária do gabinete do ministro Ricardo Lewandowski, apontada como informante do blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, alvo do inquérito das fake news e também de inquérito o financiamento de atos antidemocráticos a favor do presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL).
A Folha de S.Paulo revelou nesta quarta-feira que Tatiana, que foi estagiária de Lewandowski de julho de 2017 a janeiro de 2019, trocava mensagens com Allan dos Santos e aceitou o pedido dele para ser "nossa informante lá [STF]". As mensagens foram obtidas pela PF a partir da quebra do sigilo telefônico do blogueiro.
De acordo com o jornal, Tatiana buscou o bolsonarista porque queria trabalhar na equipe da deputada Bia Kicis (PSL-DF). Nas mensagens, diz o texto, ela opinou que Lewandowski iria soltar o ex-presidente Lula, pois havia se tornado prevento para julgar as questões relativas à execução penal do petista.
Na verdade, esclarece a Folha, o ex-presidente Lula acabou solto apenas em novembro de 2019, quando o plenário STF proibiu a prisão imediatamente após a condenação em segunda instância.
A ex-estagiária também disse que os ministros do STF "decidem o que querem e como querem". "Algumas decisões são modificadas porque alguém importante liga para o ministro", declarou Tatiana, citando o ex-comandante do Exército Eduardo Villas Bôas. Ela ainda revelou que tinha um perfil falso no Twitter, no qual divulgava apoio a Jair Bolsonaro e pedia a saída do ministro Gilmar Mendes.
Lewandowski disse à colunista da Folha Mônica Bergamo que "é lamentável que a Suprema Corte tenha sido infiltrada por uma pessoa sem compromisso com ética pública e a democracia".
O gabinete do ministro Lewandowski também afirmou, em nota à Folha, que todas as decisões proferidas por ele "têm fundamentação constitucional e a eventual modificação delas ocorre por meio de recursos cabíveis, apresentados nos autos e julgados individual ou coletivamente".
De acordo com a nota, "Lewandowski atende os telefonemas institucionais, principalmente vindos de autoridades da República". "Na época mencionada, o general Villas Bôas era comandante do Exército Brasileiro."