Escrito por: Redação CUT

STF suspende posse de Ramagem, amigo de Bolsonaro e dos filhos, para direção da PF

Liminar de Alexandre de Moraes impede aparelhamento da PF por Bolsonaro, que quer defender os filhos das investigações indicando um amigo da família como diretor-geral da instituição

Valter Campanato/Agência Brasil

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, suspendeu nesta quarta-feira (29) a nomeação do delegado Alexandre Ramagem para o cargo de Diretor-Geral da Polícia Federal.

"Defiro a medida liminar para suspender a eficácia do decreto no que se refere à nomeação e posse de Alexandre Ramagem Rodrigues para o cargo de Diretor-Geral da Polícia Federal", diz a decisão do ministro se referindo ao decreto nomeação assinado por Jair Bolsonaro, nesta terça-feira (28).

Moraes atendeu um pedido do PDT, que entrou com um mandado de segurança questionando a nomeação alegando "abuso de poder por desvio de finalidade".

Ramagem é amigo da família de Jair Bolsonaro, especialmente de Carlos Bolsonaro, uma espécie de chefe do ‘gabinete do ódio’ que lidera o esquema de disseminação de fake news, inclusive contra membros do STF, investigado justamente pela PF, como indicam as investigações feitas pela Polícia Federal.

O PDT alegou na ação que Bolsonaro estaria aparelhando a PF com objetivo de poder interferir nas ações do órgão, como denunciou o ex-ministro da Justiça Sergio Moro no dia em que pediu demissão. Durante a coletiva, Moro disse que o presidente da República queria “ter uma pessoa do contato pessoal dele” no comando da instituição.

A decisão de Alexandre de Moraes, relator do processo, é provisória. Ele determinou a notificação imediata dos envolvidos, inclusive por WhatsApp. Em seu despacho, o ministro afirmou que pode ter havido desvio de finalidade na nomeação, “em inobservância aos princípios constitucionais da impessoalidade, da moralidade e do interesse público”.

No sábado (25), reportaqem da Folha de S. Paulo mostrou que uma apuração comandada pelo STF, com participação de equipes da PF, tem indícios de envolvimento de Carlos em um esquema de disseminação de fake news. ​