Sucatear para privatizar: Banco do Brasil quer demitir 2,3 mil trabalhadores
Direção do Banco do Brasil oferece incentivos para que trabalhadores e trabalhadoras peçam demissões. Fim do papel de banco público faz BB perder mais de 1 milhão de clientes
Publicado: 30 Julho, 2019 - 14h39
Escrito por: Rosely Rocha
O sucateamento do Banco do Brasil (BB) para que a instituição seja privatizada segue a passos largos. O Banco anunciou nesta segunda-feira (29) que está oferecendo incentivos de R$ 20 mil a R$ 200 mil para aqueles que se demitirem voluntariamente, além de implantar o Programa de Adequação de Quadro (PAQ), que nada mais é do que a transferência de funcionários de uma cidade para outra. Segundo o BB, a opção de desligamento é exclusiva para os funcionários lotados em função com “excesso de pessoas”.
Hoje, o Banco do Brasil tem 98 mil trabalhadores e trabalhadoras contra 120 mil durante os governos Lula e Dilma. Uma perda de 28 mil desde o golpe de 2016, quando o ilegítimo Michel Temer (MDB-SP) iniciou o desmonte do banco.
“O sucateamento começou com Temer que instituiu um programa de reestruturação, fechando agências. Ali começou o assédio moral contra os funcionários do banco que se sentiram pressionados a aceitar planos de demissão voluntária temendo perder seus empregos, benefícios e salários”, conta João Fukunaga, secretário de assuntos jurídicos do Sindicato dos Bancários de São Paulo e funcionário do Banco do Brasil.
O dirigente critica a intenção do banco de demitir 2,3 mil funcionários e transformar 333 agências em todo o país em postos de atendimento e 49 postos em agências, sob o argumento de que os clientes não serão prejudicados já que eles serão compensados pela ampliação do modelo digital em que têm acesso às suas contas por meio da internet.
Para Fukunaga essa decisão acaba com o papel de um banco público de atender a parcela mais pobre da população. “Em São Paulo você até pode achar que tem uma posição consolidada de clientes que utilizam a internet e os smartphones, mas as filas continuam imensas nas cidades com uma população de menor poder aquisitivo, porque o os mais pobres utilizam as agências para tirar suas dúvidas também”.
Para o dirigente, um banco público pode dar lucro, mas não pode adotar um modelo de banco privado que não atende o seu papel social.
É um desmonte diminuir o papel de inserção do maior banco público do país, na contramão da política de acesso ao crédito, feita em 2008, no governo Lula, que ajudou o país a sair da crise econômica. Igualar o Banco do Brasil aos bancos privados só faz o BB perder clientes
De acordo com dados da própria instituição, desde o golpe de 2016 o BB perdeu mais de 1 milhão de clientes de contas pessoas física e jurídica, além de investidores de cadernetas de poupança.
No quadro abaixo é possível comparar os dados do primeiro trimestre de 2016 com o mesmo período deste ano.
“Essa diminuição do papel social de Banco do Brasil para uma lógica de mercado privado impede que a população mais pobre tenha acesso aos serviços que a instituição tem de prestar enquanto banco público”, adverte Fukunaga, que também é representante da comissão de funcionários dentro do BB.
A proposta de demissão do BB
Pela proposta apresentada pela direção do Banco do Brasil, os trabalhadores e trabalhadoras com até 20 anos de banco receberão até 7,8 salários brutos. Quem está há mais de 20 anos receberá até 9,8 salários, desde que o piso não seja menor do que R$ 20 mil e o teto de R$ 200 mil.
Os funcionários e seus dependentes terão as mensalidades do plano de saúde pagas por um ano. Eles também serão dispensados de ressarcir custos com treinamentos e cursos e de restituir ao banco “vantagens” recebidas em nomeação ou remoção ocorrida com menos de 365 dias da data de desligamento.
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