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SUS vai pagar R$ 4 mil por leito de UTI do setor privado que custava R$ 800

Projeto aprovado pelo Congresso, além de quadruplicar valor pago por um leito de UTI, dá desconto no imposto de renda de R$ 2,5 bilhões para a rede privada de hospitais. PT tentou barrar aprovação

Publicado: 01 Abril, 2021 - 08h30 | Última modificação: 01 Abril, 2021 - 08h37

Escrito por: Rosely Rocha

Gustavo Mansur / Palácio Piratini
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O Senado Federal aprovou esta semana um projeto de lei, intitulado “Pró-Leitos”, que permite que os leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) cedidos pelos hospitais particulares ao Sistema Único de Saúde (SUS,) para os pacientes com Covid-19, sejam pagos pela tabela da Agência Nacional de Saúde Complementar (ANS), no valor de R$ 4 mil cada um. A ANS é a agência reguladora dos planos de saúde privados.

O SUS pagava por cada leito R$ 800, mas por causa da pandemia do novo coronavírus o valor subiu para R$ 1.600 e agora, quadruplicou com a aprovação do projeto. Além do aumento no valor do leito de UTI, os empresários do setor da saúde, de quebra, ganharam um desconto de R$ 2,5 bilhões no Imposto de Renda (IR) para àqueles hospitais que cederem vagas ao SUS.

O Partido dos Trabalhadores ainda tentou barrar a aprovação do projeto. O senador Humberto Costa (PT/PE) questionou:  por que, os invés de dar o desconto no imposto de renda, o Congresso não destinava todo o valor das emendas parlamentares da saúde, de R$ 9 bilhões, para o combate à Covid?, se referindo ao fato de que dinheiro havia, mas parte dos parlamentares preferiu atender as demandas do empresariado.

Alegando que mexer no PL provocaria a volta do texto à Câmara para nova aprovação, os senadores rejeitaram a proposta de Humberto Costa. Assim, a tabela usada na contratação dos leitos será a da ANS, mais cara, e não a do SUS, além do desconto na arrecadação do imposto de renda.

“A perda do imposto de renda vai recair também para estados e municípios que recebem parte do que é arrecadado pela União. Tanto estados como municípios usam parte deste dinheiro na saúde, e sabemos que esses entes estão gastando muito mais, por causa da pandemia”, diz o economista e assessor do PT no Senado, Bruno Moretti.

O economista se preocupa com a brecha dada aos empresários na “disponibilidade” de leitos de UTI. Segundo ele, os R$ 1.600 pagos anteriormente pelo SUS eram valores de referência que estados e municípios definam se subiam ou não.

“Isto é muito grave por que além de não ter recursos no orçamento para o combate à pandemia, você ainda tem aprovado, pelo Congresso, a redução de receitas. É uma combinação terrível que só gera lucro para o setor privado”, critica Moretti.

Projeto ainda proíbe cirurgias eletivas nos hospitais públicos e privados

Antes de ir para a votação no Senado, o programa Pró-Leitos, de autoria do deputado Dr. Luizinho (PP-RJ), com apoio do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP/AL), foi aprovado na Casa, no dia 24 de março.

O relator do Projeto de Lei  (PL 1010/2021) na Câmara, deputado Hiran Gonçalves (PP-RR), propôs que em cada estado sejam automaticamente suspensas as cirurgias eletivas nos hospitais públicos e privados sempre que os leitos atinjam a taxa de ocupação de 85%, ficando excluídos procedimentos de oncologia e cardiologia.  

Tanto o novo valor para cobrança de leito de UTI como a proibição de cirurgias  eletivas foram aprovados na Câmara e no Senado, apesar dos protestos da oposição, e segue para sanção presidencial.

*Edição: Marize Muniz