Taxa de juros: os dois gumes da faca que corta o crescimento do país
Entenda por que já passou da hora de o BC “calibrar” a taxa de juros. “Política monetária tem de ser para todos, não só para a Faria Lima”, diz economista
Publicado: 13 Março, 2023 - 09h04 | Última modificação: 13 Março, 2023 - 19h20
Escrito por: Paulo Donizetti de Souza, da RBA
O capital financeiro que gosta de se multiplicar enquanto dorme – ora chamado de Faria Lima, às vezes de Leblon, outras de mercado financeiro mesmo – não gosta de governo, muito menos do governo Lula. Não gosta de governo porque quer ser “livre” para mandar na economia. E gosta menos ainda de governo Lula, porque este tem mania de chamar despesa com educação, saúde e políticas sociais de investimento, não gasto. Por isso o “mercado” insiste que o governo não deve se meter na taxa de juros, muito menos no Banco Central “independente”.
Desse modo, o Brasil ter a maior taxa básica de juros do mundo, de 13,75% ao ano, é uma faca de dois gumes. Um que exige corte de gastos públicos para que o Estado honre os “investidores” em títulos do governo. E outro que inviabiliza os investimentos de que o governo precisa para pôr em prática seus projetos. Por exemplo, em educação, saúde, políticas sociais, infraestrutura, defesa ambiental, ciência, tecnologia e inovação. Em resumo, o mercado e suas vozes na mídia gostam de juros porque ganham dinheiro dormindo. E porque dificultam a vida do governo e de Lula.
Porém, até a sanha especulativa tem limites e a própria Faria Lima já sopra no ouvido do Banco Central que taxa de juros 130% acima da inflação é perigosa até para o sistema bancário, dados os estragos generalizados na economia. Por isso, o professor Antonio Corrêa de Lacerda, da PUC-SP, em entrevista ao programa Revista Brasil TVT deste fim de semana, alerta que éa preciso calibrar a situação. “Porque o mercado não é só Faria Lima. O pipoqueiro também é, pequeno lojista também é. A política monetária, portanto, precisa atender todo mundo”, avisa Lacerda.
Confira entrevista: Antonio Corrêa da Lacerda e o fim da linha para a taxa de juros