Taxação dos super-ricos é defendida por vencedora do Nobel de Economia
Economista francesa defende proposta de criação de imposto global de 2% sobre a riqueza dos bilionários. Taxar os super-ricos do país também é pauta da CUT na Marcha de 29 de abril
Publicado: 22 Abril, 2025 - 13h26 | Última modificação: 22 Abril, 2025 - 13h39
Escrito por: Redação CUT | Editado por: Rosely Rocha

A CUT e as demais centrais farão uma Marcha a Brasília na próxima terça-feira (29) em que defenderão a pauta da classe trabalhadora. Entre as propostas está a taxação dos super-ricos, que pagam proporcionalmente muito menos impostos do que os trabalhadores e as trabalhadoras assalariados do país.
A defesa desta pauta tem crescido não apenas no Brasil como no mundo e agora volta a ganhar destaque com o apoio recebido da economista francesa, Esther Duflo, vencedora do Prêmio Nobel de Economia, em 2019, por sua abordagem experimental para aliviar a pobreza global. ( Leia o que ela disse abaixo).
No Brasil, a taxação dos super-ricos sofre uma forte resistência, inclusive por parte do Congresso Nacional, formado em sua maioria por grandes empresários. Até mesmo a proposta do governo Lula em isentar quem ganha até R$ 5 mil reais ao mês do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) e em troca quem tem renda de R$ 50 mil por mês passe a pagar mais para que se evite um rombo na arrecadação, não é vista com bons olhos por alguns setores.
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É por isso que a CUT e as demais centrais decidiram colocar a pauta de taxar os super-ricos, juntamente com a isenção do imposto de renda para quem ganha menos, como uma das prioritárias na Marcha a Brasília. O tema vem sendo debatido pela CUT há muitos anos. Em 2020, durante a pandemia da Covid-10, o presidente da Central, Sergio Nobre já ressaltava que “esse tema nunca foi levado adiante, desde 1988, por causa da pressão de empresários e banqueiros sobre o Congresso. Eles são os detentores de grandes fortunas e não querem pagar impostos”.
O que disse a economista
Esther Duflo defendeu a proposta brasileira de criar um imposto global anual de 2% sobre a riqueza dos bilionários do mundo, especialmente para financiar a adaptação e a mitigação dos efeitos climáticos sobre as populações mais pobres do planeta.
Em visita ao Brasil, a economista concedeu uma entrevista ao jornal Folha de São Paulo, em que defende essa taxação e que o valor arrecadado seja de alguma forma enviado diretamente os mais pobres, os mais afetados pelas mudanças climáticas.
Ela também destacou que “há muita evidência mostrando que tributar pessoas mais ricas não limita investimentos. Isso porque, no final das contas os bilionários têm tanto dinheiro que o que importa para eles é ser mais rico do que seus amigos —e os impostos não mudam isso”.
Sobre a transferência de renda aos mais pobres como o Bolsa Família, a economista disse que “ um estudo recente de Dean Karlan e Chris Udry, que revisou 130 pesquisas sobre 72 programas de transferência de dinheiro, mostra efeitos enormemente positivos em todas as dimensões da vida dos beneficiários. Ela também creditou ao Bolsa Família uma enorme queda na pobreza.
A proposta de taxar os super-ricos foi feita pelo Brasil durante a sua presidência rotativa do G20 (grupo que reúne as principais economias do mundo), que terminou em novembro do ano passado. A previsão é a de que se possa arrecadar até US$ 250 bilhões por ano ao redor do mundo. Na época, o presidente Lula afirmou que “a riqueza dos bilionários passou de 4% do PIB [Produto Interno Bruto] mundial para quase 14% nas últimas três décadas. Alguns indivíduos controlam mais recursos do que países inteiros”.
Os bilionários no mundo
Segundo a revista Forbes, que publicou a lista de bilionários no mundo em 1º de abril deste ano, houve um número recorde de 3.028 pessoas ao redor do mundo, sendo 55 brasileiros. Juntos, eles acumulam um patrimônio recorde de US$ 16,1 trilhões (R$ 91,8 trilhões), US$ 2 trilhões (R$ 11,4 trilhões) a mais do que um ano atrás e mais do que o PIB de qualquer país do mundo, exceto EUA e China. A fortuna média agora é de US$ 5,3 bilhões (R$ 30,2 bilhões), um aumento de US$ 200 milhões (R$ 1,14 bilhão) em relação a 2024. O mais rico de todos é Elon Musk, com um patrimônio estimado em US$ 342 bilhões (R$ 1,95 trilhão).
Veja a lista completa de bilionários brasileiros
- Eduardo Saverin — US$ 34,5 bilhões
- Vicky Safra — US$ 20,7 bilhões
- Jorge Paulo Lemann — US$ 17 bilhões
- David Velez — US$ 10,7 bilhões
- Carlos Alberto Sicupira — US$ 7,6 bilhões
- André Esteves — US$ 6,9 bilhões
- Fernando Roberto Moreira Salles — US$ 6,5 bilhões
- Miguel Krigsner — US$ 6,1 bilhões
- Pedro Moreira Salles — US$ 6,1 bilhões
- Alexandre Behring — US$ 5,7 bilhões
- João Moreira Salles — US$ 4,5 bilhões
- Walther Moreira Salles Junior — US$ 4,5 bilhões
- Jorge Mol Filho e família — US$ 4,4 bilhões
- Joesley Batista — US$ 3,8 bilhões
- Wesley Batista — US$ 3,8 bilhões
- Maurizio Billi — US$ 3,7 bilhões
- Alceu Elias Feldmann e família — US$ 3,3 bilhões
- José João Abdalla Filho — US$ 3,2 bilhões
- Mário Araripe — US$ 3 bilhões
- João Roberto Marinho — US$ 3 bilhões
- José Roberto Marinho — US$ 3 bilhões
- Roberto Irineu Marinho — US$ 3 bilhões
- Lírio Parisotto — US$ 2,5 bilhões
- Marcel Herrmann Telles e família — US$ 2,3 bilhões
- Alexandre Grendene Bartelle — US$ 2,2 bilhões
- Julio Bozano — US$ 2,1 bilhões
- Luciano Hang — US$ 2 bilhões
- Jayme Garfinkel e família — US$ 1,8 bilhão
- Guilherme Benchimol — US$ 1,7 bilhão
- Alfredo Egydio Arruda Villela Filho — US$ 1,7 bilhão
- Luiz Frias — US$ 1,7 bilhão
- Ilson Mateus e família — US$ 1,7 bilhão
- Sasson Dayan e família — US$ 1,5 bilhão
- Ana Lucia de Mattos Barretto Villela — US$ 1,5 bilhão
- Artur Grynbaum — US$ 1,5 bilhão
- Rubens Menin Teixeira de Souza — US$ 1,5 bilhão
- Rubens Ometto Silveira Mello — US$ 1,5 bilhão
- Carlos Sanchez — US$ 1,5 bilhão
- Eduardo Voigt Schwartz — US$ 1,5 bilhão
- Mariana Voigt Schwartz Gomes — US$ 1,5 bilhão
- Cristina Junqueira — US$ 1,4 bilhão
- José Roberto Ermirio de Moraes — US$ 1,3 bilhão
- Jose Ermirio de Moraes Neto — US$ 1,3 bilhão
- Daniel Feffer — US$ 1,3 bilhão
- David Feffer — US$ 1,3 bilhão
- Neide Helena de Moraes — US$ 1,3 bilhão
- Vera Rechulski Santo Domingo — US$ 1,3 bilhão
- Jorge Feffer e família — US$ 1,2 bilhão
- Ruben Feffer — US$ 1,2 bilhão
- Lívia Voigt de Assis — US$ 1,2 bilhão
- Dora Voigt de Assis — US$ 1,2 bilhão
- Antônio Luiz Seabra — US$ 1,1 bilhão
- Jose Isaac Peres e família — US$ 1,1 bilhão
- Liu Ming Chung — US$ 1,1 bilhão
- Lucia Maggi e família — US$ 1 bilhão
Programação da Marcha
A concentração em Brasília no dia 29 de abril será às 8h da manhã, no estacionamento do Teatro Nacional/Praça da Cidadania, próximo à rodoviária. Às 9h será realizada a Plenária da Classe Trabalhadora para atualizar a pauta de interesse dos trabalhadores e trabalhadoras. Às 10h30, está prevista a saída em Marcha/caminhada por Brasília.
A Jornada de Lutas da Classe Trabalhadora tem seu ápice no Dia Internacional do Trabalhador e da Trabalhadora, que completa 100 anos de celebração no Brasil. Neste 1º maio, as Estaduais da CUT farão manifestações em suas regiões.
Com informações da Folha e Forbes