Escrito por: Redação CUT
Haddad vai articular frente por 'direitos do povo' e em oposição a Bolsonaro, diz presidenta do PT. O partido vai articular uma rede de proteção contra ameaças à democracia e violações de direitos civis
A presidenta do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), disse em entrevista após a reunião da Executiva Nacional do partido, nesta terça-feira (30), temer pela vida do ex-presidente Lula, mantido preso político desde o dia 7 de abril, na sede da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, especialmente depois que o presidente eleito Jair Bolsonaro disse, em discurso depois de confirmada sua vitória, que “Lula vai apodrecer na cadeia”.
“Tememos pela vida dele. Ele tem direito a um julgamento justo. Ninguém pode definir o que vai acontecer com ele antes de um julgamento justo. Lula livre, com um pedido de proteção maior a sua vida e integridade", ressaltou a senadora. "Você não está só, vamos criar uma rede de proteção".
A presidente nacional do PT afirmou, ainda, que Fernando Haddad será o articulador de uma frente democrática em defesa de "direitos do povo" e em oposição ao futuro governo de Bolsonaro.
"O Fernando Haddad, no nosso entender, tem um papel muito importante e relevante nesse processo, que é um papel maior do que o PT. Ele sai depositário da esperança e da luta do povo pela democracia, de diversos setores da sociedade", declarou.
Segundo a senadora, o PT dará todas as condições para que Haddad possa exercer esse papel de articulador junto a lideranças sociais e de partidos políticos.
Gleisi apontou algumas "questões imediatas" que essa frente pretende combater, entre as quais mudanças na Lei Antiterrorismo e a "aliança" entre Bolsonaro e o presidente ilegítimo Michel Temer (MDB-SP). Segundo ela, Bolsonaro, como presidente eleito, tem todo o interesse que o atual governo siga fazendo o "serviço sujo" de tocar reformas rejeitadas pela sociedade, como a da Previdência.
"Existe uma série de projetos que serão tocados pelo novo presidente junto com a base de Temer. Vamos reunir nossas bancadas de oposição e organizar a resistência", disse Gleisi.
O deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), líder da bancada, completou: "estamos enfrentando um consórcio de Bolsonaro e Temer. A partir de hoje, eles vão tentar aprovar uma pauta conjunta até o final do ano".
Onda de ataques
Além de pensar em instrumentos para resistir a eventuais ataques de Bolsonaro, que defende abertamente a tortura e o regime ditatorial militar (196401985), à democracia, os petistas ressaltaram a importância de começar a resistir hoje no Congresso à agenda econômica do extremista que é muito similar a de Temer.
Para Pimenta, que teve seu mandato renovado, as pautas conjuntas entre os políticos devem mirar três eixos. "O primeiro é a redução da democracia, criminalizando movimentos sociais, diminuindo autonomia das universidades. O segundo é diminuir direitos dos trabalhadores, em especial com a reforma da Previdência. O terceiro é atacar a soberania nacional vendendo a Amazônia, entregando base de Alcântara e o pré-sal", finalizou.
Defesa da democracia
Gleisi reafirmou que uma das maiores preocupações do PT é com ataques contra a democracia e contra a vida dos brasileiros e prometeu resistência pela integridade física das pessoas.
"O PT vai organizar, e esperamos ampliar, uma rede democrática de proteção solidária. Você não está só. Vamos organizar todos os advogados do partido, juízes pela democracia, advogados dos direitos humanos, para denunciarmos casos de violações dos direitos civis, das liberdades de expressão", completou.
A senadora falou ainda sobre a criação de uma rede internacional de vigília no país. "Queremos que o mundo olhe para os indígenas, LGBTs, movimentos sociais, para podermos recorrer internacionalmente. Pelos jornalistas, por tudo que construímos pós Constituição de 1988."