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Temer, com conselho amigo, tenta emplacar maldades

Depois de exonerar representantes da CUT e outros movimentos sociais do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, governo faz primeira reunião de "clube de amigos"

Publicado: 21 Novembro, 2016 - 12h56 | Última modificação: 21 Novembro, 2016 - 16h40

Escrito por: Isaías Dalle

Paulo Barata/Fotos Públicas
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De costas, Temer tenta apoio para aprofundar recessão e retrocessos sociais

O Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), conhecido como Conselhão, faz nesta segunda, 21, sua primeira reunião sob o governo Temer.

Sem a presença de representantes da CUT, do MST e de outros movimentos sociais que se opuseram à derrubada da presidenta eleita, todos exonerados do Conselho. Também foram exonerados integrantes como o ator Wagner Moura, o capitão Nascimento, que igualmente se opôs ao processo de impeachment, definido por ele como “golpe”.

O Conselhão foi criado em 2003 pelo governo Lula, como instrumento para fomentar o debate de ideias e o encaminhamento de propostas ao executivo federal. Desde seu início, teve composição plural, com empresários, acadêmicos, artistas e militantes sociais. Inclusive, com a presença de pessoas que não haviam votado em Lula. A função de conselheiro não é remunerada, cabendo ao governo apenas as despesas de transporte.

Só amigos

A nova composição reúne, quase integralmente, defensores das propostas do governo Temer, como diminuição do papel do Estado e austeridade fiscal. Ou, então, defensores do papel preponderante das organizações não-governamentais na condução de políticas sociais.

Notas dissonantes – ou talvez nem tanto – são os nomes de dirigentes da Força Sindical, UGT e Nova Central no atual Conselhão. Também dissonante, mas em outra chave, é o nome da pesquisadora Tania Bacelar, conhecida por suas posições progressistas.

Já emblemática é a presença de Benjamin Steinbruch, que defendeu em entrevista à TV, em 2014, que os trabalhadores não precisam de uma hora de almoço e que poderiam manejar máquinas e comer sanduíches ao mesmo tempo. Benjamin, criador de cavalos de corrida e empresário, falava naquele momento como presidente em exercício da Fiesp. Chama a atenção igualmente a presença de lideranças do setor farmacêutico e de medicina privada.

Os integrantes da CUT e de outros movimentos foram exonerados e souberam da decisão pelo Diário Oficial. Nem foi necessário usar os serviços do novo conselheiro Roberto Justus e seu indefectível "você está demitido". Para o presidente da Central, Vagner Freitas, que compunha o conselho a convite da presidenta Dilma, essa ação do governo Temer demonstra “que é um governo que não dialoga com a sociedade e monta um grupo de amigos para tentar ganhar uma aparência de legitimidade que na verdade não tem”.

Para o secretário-geral da CUT, Sérgio Nobre, a atual composição do Conselho o tornará ineficaz, pois é justamente a diversidade de opiniões que pode encaminhar políticas novas.

Me ajudem com a reforma da Previdência?

Temer deixou claro, em fala na abertura da reunião desta segunda, que sua prioridade é implementar uma reforma da Previdência que retire direitos e aumente a dose de sacrifícios dos trabalhadores e trabalhadoras, e pediu ajuda aos conselheiros:

“Quero dizer também que esse ajuste fiscal só estará semicompleto com a Reforma da Previdência, cuja primeira proposta estamos finalizando e remeteremos ao Congresso Nacional antes do fim do ano. É uma reforma que gera muitas angústias, mas quero dizer que vamos conduzir o processo com muito diálogo”.

Já emblemática é a presença de Benjamin Steinbruch, que defendeu em entrevista à TV, em 2014, que os trabalhadores não precisam de uma hora de almoço e que poderiam manejar máquinas e comer sanduíches ao mesmo tempo.
Reportagem

Pra que serve

No seu início, o Conselhão foi muito criticado pela imprensa e por parte do Congresso Nacional, que acusavam Lula de tentar, com sua criação, esvaziar as funções do Legislativo. Os fatos não confirmaram os temores.

Sem caráter deliberativo, o Conselhão pode apenas propor soluções. Inicialmente ligado ao Ministério do Planejamento e à Casa Civil, o CDES conseguiu alguns avanços concretos.

Entre eles, a criação de um Fórum Nacional da Previdência que, após meses de debate, com a participação de trabalhadores, empresários, representantes do governo e da academia, decidiu por não fazer uma reforma que retirasse direitos e que ainda subscreveu, por unanimidade, a vinculação do piso previdenciário ao salário mínimo.

Já Dilma, em seu primeiro mandato, esvaziou o conselho. Tentou reorganizá-lo em seu segundo mandato, mas o movimento pró-impeachment já caminhava sólido.

Confira a composição do novo Conselho:

 

Abílio Diniz, empresário

Ana Maria Machado, escritora

Ana Maria Malik, médica

Andréia Pinto, ambientalista

Anielle Guedes, empresária

Anna Chiesa, professora de Saúde Pública

Antonio Neto, sindicalista

Ariovaldo Rocha, empresário da indústria naval

Armando Castelar, professor da FGV

Armando Valle, empresário e sindicalista do setor patronal de eletrodomésticos

Benjamin Steinbruch, empresário e liderança da Fiesp

Steinbruch na entrevista em que defendeu o fim da hora de almoço para os trabalhadores. ReproduçãoSteinbruch na entrevista em que defendeu o fim da hora de almoço para os trabalhadores. Reprodução

Bernardinho, técnico de vôlei

Chieko Aoki, empresária do setor hoteleiro

Cláudia Sender, presidenta da Latam

Claudio Lottemberg, presidente do Hospital Albert Einstein

Clemente Ganz Lúcio, coordenador do Dieese

Dan Ioschpe, presidente do Sindpeças

Deusmar Queiroz, empresário do setor de farmácias

Dorothea Werneck, ex-ministra do governo Sarney e professora

Edson Bueno, presidente da Amil

Eduardo Eugênio, presidente da Firjan

Eduardo Navarro, executivo da Telefonica

Eliana Calmon, jurista

Elizabeth de Carvalhaes, executiva do setor madereiro

Fábio Coelho, vice-presidente da Google Brasil

Francisco Teixeira, historiador

Gaudêncio Torquato, jornalista e consultor do PSDB

George Teixeira, dirigente empresarial do setor de comércio

Germano Rigotto, ex-governador do Rio Grande do Sul e diretor da Abimaq

Gilberto Peralta, dirigente sindical patronal do setor de indústrias de base

Gisela Batista, engenheira do setor de energia eólica

Guilherme Afif Domingos, diretor do Sebrae e ex-ministro do governo Dilma

Helena Nader, presidenta da SBPC

Humberto Mota, dirigente da Associação Comercial do RJ

Jackson Schneider, presidente da Embraer

Jaime Lerner, arquiteto, ex-prefeito de Curitiba

Janete Vaz, bioquímica e empresária do setor de medicamentos

João Carlos Di Genio, empresário do setor de educação, fundador da rede Objetivo

João Carlos Marchezan, empresário do setor de máquinas agrícolas

Juruna, dirigente da Força Sindical

João Martins, presidente da Confederação Nacional da Agricultura

Joel Malucelli, empresário

Jorge Abrahão, dirigente do instituto Ethos

Jorge Gerdau, empresário

Jorge Paulo Lemann, empresário

José Calixto, dirigente da Nova Central

José Carlos Martins, presidente da Câmara da Indústria da Construção Civil

José Júnior, do instituto AfroReggae

José Márcio Camargo, professor de economia na PUC-RJ

José Roberto Afonso, , pesquisador da Fundação Getúlio Vargas

Josue Gomes da Silva, empresário, filho do ex-vice-presidente José Alencar

Laércio Cosentino, empresário do setor de tecnologia da informação

Lia Hasenclever, economista

Lino de Macedo, psicólogo

Luiz Carlos Monteiro de Barros, consultor e ex-presidente do BNDES e ex-ministro das Comunicações nos governos FHC

Luiz Carlos Trabuco, presidente do Bradesco

Luiz Moan, dirigente da Fiesp ligado ao setor automotivo

Luiz Helena Trajano, presidenta do Magazine Luiza

Luzia Laffite, psicóloga, especializada na primeira infância

Marcos de Marchi, presidente da Elekeiroz e dirigente patronal do setor químico

Marcos Molina, dirigente da Marfrig

Marcos Vinícius Coêlho, ex-presidente da OAB, defensor do fracassado movimento Cansei e advogado de Michel Temer

Marina Berenice Dias, advogada

Marie Anne Van Slyus, professora da USP na área de genética

Marina Cançado, psicóloga e coordenadora do projeto Travessia

Marina Grossi, presidenta do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável

Milton Gonçalves, ator

Monica de Bolle, economista

Murilo de Aragão, advogado

Nizan Guanaes, publicitário

Paula Bellizia, dirigente da Microsoft do Brasil

Paulo Skaf, presidente da Fiesp

Pedro Passos, dirigente da Natura

Pedro Wongtschowski, presidente do IEDI (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial)

Raí, ex-jogador de futebol

Reginaldo Arcuri, presidente do grupo de medicamentos FarmaBrasil

Renata Vilhena, presidenta da Associação Brasileira de Recursos Humanos

Renato Alves Valle, empresário, concessionário de rodovias

Ricardo Balesteri, presidente do Observatório do Uso Legítimo da Força ex-secretário nacional de Segurança do governo Lula

Ricardo Morishita, professor

Ricardo Patah, presidente da UGT

Roberto Justus, publicitário

Você está demitido. Foto: divulgaçãoVocê está demitido. Foto: divulgação

 

Roberto Rodrigues, consultor político

Robson Andrade, presidente da CNI

Rose Bone, professora de engenharia industrial na Federal do Rio

Ruth Monteiro, dirigente da Força Sindical

Sérgio Gallindo, empresário do setor de telecomunicações

Solange Ribeiro, presidenta do grupo Neoenergia

Sônia Guimarães, professora de Física no ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica)

Tânia Bacelar, professora da Federal de Pernambuco

Teresa Amaral, historiadora

Viviane Senna, fundadora do Instituto Ayrton Senna

Zeina Latif, economista da XP Investimentos