Temer diz que Dilma é honestíssima, mas não reconhece golpe que ele mesmo orquestrou
Ex-presidenta, vítima de um golpe comandado pelo próprio Temer e o candidato derrotado, Aécio Neves, com apoio da mídia e do Judiciário, caiu, disse ele, porque não se dava bem com o Congresso
Publicado: 21 Julho, 2022 - 14h50 | Última modificação: 22 Julho, 2022 - 16h18
Escrito por: Redação CUT | Editado por: Marize Muniz
O ilegítimo e golpista Michel Temer (MDB-SP) afirmou nesta quinta-feira (21) que o impeachment, na verdade o golpe, contra a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016, só ocorreu porque ela não tinha um bom relacionamento com os parlamentares de oposição.
“Eu quero dizer que a ex-presidente é honesta. Eu sei, e pude acompanhar, que não há nada que possa apodá-la de corrupta. Ela é honestíssima. Mas houve problemas políticos. Ela teve dificuldades no relacionamento com a sociedade e com o Congresso Nacional”, disse Temer que era vice de Dilma.
As afirmações foram feitas em entrevista ao UOL. Segundo o portal, Temer “defendeu a constitucionalidade do processo”, que destituiu Dilma e o colocou no poder.
Mas, ao contrário do que costuma fazer, o UOL não contextualizou o processo. Então vamos lá, em 2014, Dilma conquistou 51,64% dos votos válidos no segundo turno, superando Aécio Neves (PSDB-MG), que alcançou 48,36% dos votos válidos.
Assim que saiu o resultado da eleição, o tucano passou a contestar a lisura do processo eleitoral. Sob a alegação de "desconfianças" propagadas nas redes sociais que "colocam em dúvida desde o processo de votação até a totalização" da contagem nas eleições presidenciais, o PSDB pediu à Justiça Eleitoral uma auditoria no resultado.
Evidentemente, a auditoria concluiu que não houve fraudes pois como reconhecem todos que acompanham e fiscalizam o processo, o sistema eleitoral brasileiro é absolutamente seguro.
Os recentes ataques do presidente Jair Bolsonaro (PL) às urnas eletrônicas levou mais de 60 entidades ligadas à PF e à Justiça Eleitoral a defenderem o sistema eleitoral do país.
Na época, a Câmara dos Deputados era comandada por Eduardo Cunha, ex-aliado de Temer, cassado por corrupção depois do golpe que comandou na Casa. Aécio, Cunha, Temer e muitos que eram contra as conquistas sociais e trabalhistas se aliaram para dar o golpe. Como a CUT cansou de alertar na época, o golpe era contra o PT e as políticas sociais criadas pelo partido, especialmente contra os direitos da classe trabalhadora.
Depois do golpe, como a CUT alertou, Temer mandou para o Congresso as reformas Trabalhista, que acabou com 100 itens da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e legalizou a terceirização sem limites e a Pevidenciária que não foi aprovada em sua gestão. Foi seu sucessor Bolsonaro quem aprovou a reforma que acabou com o sonho de aposentadoria de milhões de trabalhadores.
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Em 2017, Temer praticamente afirmou que foi golpe ao admitir que Cunha só deu andamento, em 2 de dezembro de 2015, a um dos pedidos de impeachment contra Dilma porque os três petistas do Conselho de Ética que o julgou por cerca de dez meses – Léo de Brito (PT-AC), Valmir Prascidelli (PT-SP) e Zé Geraldo (PT-PA) – não aceitaram votar pela sua absolvição, como relata o Congresso em Foco.
“Eduardo Cunha, você é um gângster”. Foi com essa frase que o deputado federal Glauber Braga, do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) definiu Eduardo Cunha, durante a votação do pedido de abertura do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, no dia 17 de abril de 2016.