Escrito por: Redação CUT

Temer insiste em nomear Cristiane mesmo com novas denúncias

Impedida de assumir o Ministério do Trabalho por questões trabalhistas, a deputada federal é acusada agora de associação ao tráfico e assédio moral

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Ignorando a série de denúncias feitas contra a deputada federal Cristiane Brasil (PTB-RJ), o governo do golpista e ilegítimo Michel Temer (MDB-SP) mantém a sua indicação para o Ministério do Trabalho.

Temer anunciou a indicação da filha de Roberto Jefferson, presidente do PTB, no dia 3 de janeiro. A cerimônia de posse teve de ser suspendida por duas vezes em decorrência das decisões judiciais que impediram Cristiane Brasil de assumir o Ministério. A pasta está sem titular desde a exoneração de Ronaldo Nogueira (PTB-RS), que retomou seu mandato na Câmara dos Deputados.

A disputa judicial pela nomeação de Cristiane Brasil começou em 8 de janeiro. A primeira decisão liminar (provisória) que impediu a posse foi proferida pelo juiz Leonardo da Costa Couceiro, da 4ª Vara Federal de Niterói, que acolheu os argumentos dos advogados trabalhistas de que a escolha da deputada para a pasta do Trabalho era contrária aos princípios da administração pública.

Após o Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), segunda instância da Justiça Federal do Rio de Janeiro, negar três recursos apresentados pelo governo para tentar reverter a decisão, a Advocacia-Geral da União (AGU) recorreu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), que liberou a posse da deputada. Porém, a cerimônia teve de ser suspensa novamente, após a presidenta do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, atender ao pedido do Movimento dos Advogados Trabalhistas Independentes (Mati), que contestou a decisão do STJ.

Desde o anúncio da indicação, as denúncias contra supostos atos ilícitos praticados pela deputada não param de ser noticiadas. Primeiro, foram denúncias relacionadas justamente a questões trabalhistas. A imprensa revelou que ela foi condenada pela Justiça do Trabalho a pagar mais de R$ 60 mil a um ex-motorista, em decorrência de irregularidades trabalhistas.

No último fim de semana, matéria do jornal o Estado de S. Paulo diz que Cristiane Brasil é alvo de inquérito que apura suspeita de tráfico de drogas e associação para o tráfico durante a campanha eleitoral de 2010. 

No domingo à noite, o Fantástico, da TV Globo, colocou no ar uma longa reportagem com denúncia de assédio a funcionários que trabalhavam com a deputada quando ela era secretária municipal no Rio. A reportagem foi baseada em um grampo feito por um funcionário durante uma reunião com a deputada em 2010, na qual Cristiane Brasil fala sem meio termo: ou trabalham para me eleger ou perderão os empregos.

"Se cada um no âmbito familiar me trouxer 30 fidelizados… Pô, tu é minha mãe. Se tu não votar nela (Cristiane), eu perco o emprego. Olha que poder de convencimento essa frase tem. Para o marido: Meu querido, vai querer pagar minhas calcinhas? Então me ajude", disse a deputada aos funcionários, conforme diálogo divulgado.

Em rede social, o pai da deputada, chamou a matéria do Estadão de "panfleto" e o Globo de "mesquinho". E reagiu: "Por que destruir a vida política promissora de uma pessoa dedicada em tudo que faz e que está preparada para exercer o cargo de ministra?"

Nesta segunda-feira (5), o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, disse que a indicação será mantida. "O governo continua insistindo no reconhecimento da privativa prerrogativa do presidente Temer prevista na Constituição de nomear os seus ministros", declarou. "Nós não vamos solicitar que o PTB faça qualquer outra indicação".