Escrito por: Igor Carvalho e Caroline Oliveira, do Brasil de Fato
Hospital Heliópolis está disponibilizando o teste, mas Apetece não autorizou os trabalhadores terceirizados a fazer alegando que se muitos testarem positivo não tem como repor o quadro
Trabalhadores e trabalhadoras da área de alimentação da empresa terceirizada Apetece foram proibidos de realizar o teste para Covid-19 disponibilizado pelo Hospital Heliópolis, que pertence a rede pública de saúde do estado de São Paulo.
A justificativa da empresa é de que não há outros trabalhadores terceirizados para repor a equipe, caso muitos testem positivo para a doença.
“Se um pegar, ok. Mas se 10 testarem positivo, eu faço o quê? Não tem gente para repor”, afirmou a representante da empresa em uma reunião em que os trabalhadores se manifestaram sobre a questão. O Brasil de Fato teve acesso ao áudio da reunião.
O Hospital Heliópolis chegou a pedir autorização para a Apetece para testar os terceirizados, mas a solicitação foi negada.
Comunicado do Hospital Heliópolis / Acervo pessoal
Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo afirmou que não pode obrigar a empresa terceirizada a autorizar o teste em seus funcionários. Ainda disse que, de sua parte, está realizando todos os procedimentos da maneira correta para testar os funcionários.
“É oferecida testagem a todos os profissionais que atuam no Hospital Heliópolis, incluindo terceirizados. A oportunidade está disponível a todas as empresas, sendo responsabilidade das mesmas responder ao convite. O Hospital segue todos os protocolos de segurança para profissionais e pacientes”, defendeu a pasta.
A empresa Apetece foi procurada pelo Brasil de Fato, mas até a publicação desta reportagem não houve um retorno.
Nesta quarta-feira (19), o Brasil alcançou a marca de 111.100 mortos por covid-19, causada pelo novo coronavírus. Nas 24h anteriores, foram registradas 1.212 vítimas fatais da doença, segundo dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Entre terça e quarta surgiram 49.298 casos de covid-19 registrados pelo país. Desde o início da pandemia o Brasil já somou 3.456.652 casos oficiais.
Outros casos
A empresa já se envolveu anteriormente em escândalos como esse. Em 2017, servidores públicos de São Caetano (SP) reclamaram que larvas foram encontradas na alimentação servida pela Apetece. Na ocasião, a Prefeitura encerrou o contrato com a empresa.
Também em 2017, a empresa se envolveu em um esquema de superfaturamento na venda de merendas para a Prefeitura de Campinas. Na ocasião, a Apetece teria realizado cotações até 93% mais caras do que as encontradas no mercado.