Escrito por: CUT-RS
Com adiamento da votação e final da greve de fome em Brasília, termina jejum no RS
O anúncio da retirada de pauta e adiamento da votação para o dia 19 de fevereiro, feito pelo presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), levou na tarde desta quinta-feira (14) ao final da greve de fome, que já durava dez dias em Brasília, e do segundo dia de jejum contra a reforma da Previdência do presidente golpista Michel Temer (PMDB), na esplanada da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, no centro de Porto Alegre.
O movimento foi organizado pelo Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), com o apoio da Frente Brasil Popular, CUT-RS, sindicatos e federações de trabalhadores, igrejas, movimentos sociais, como o MST e o Levante Popular da Juventude, e deputados estaduais do PT.
“A nossa luta foi vitoriosa”, comemorou o representante do MPA, Maister da Silva. Ele agradeceu especialmente aos deputados que participaram do jejum, o que deu maior visibilidade ao movimento junto à sociedade gaúcha. “Nós queremos que o povo não passe fome para o resto da vida”. explicou ao salientar que “é uma reforma de morte, que alija os camponeses da aposentadoria”.
O presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo, foi também um dos participantes do movimento. “Acompanhamos o jejum em solidariedade aos que fizeram a greve de fome e saímos com o sentimento de missão cumprida momentaneamente e com muita vontade de enfrentar esses golpistas até o fim do mês e no ano que vem”, afirmou. Ele valorizou também a participação de igrejas e religiosos, ampliando e fortalecendo a resistência em defesa dos direitos dos trabalhadores e do povo brasileiro.
Para ele, essa vitória é o somatório de um conjunto de mobilizações das centrais sindicais e dos movimentos sociais ao longo do ano, que fizeram com que os golpistas não conseguissem os 308 votos necessários na Câmara e assim impediram a aprovação dessa proposta, que não acaba com privilégios, mas significa o fim da aposentadoria para milhões de trabalhadores e trabalhadoras.
Nespolo frisou que o adiamento para fevereiro representa que será depois do julgamento do recurso do ex-presidente Lula no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), na capital gaúcha. “O jogo é pesado. Nós sabemos o que o capital está fazendo e também sabemos o que nós estamos fazendo”, resssaltou. “Que o ano de 2018 nos aguarde, pois haverá muita luta, greve de fome e paralisações. Vamos colocar essa gente no lugar deles”, concluiu o presidente da CUT-RS.
Aula pública
Houve ainda uma aula pública com a economista e ex-ministra Tereza Campello sobre o estudo “Faces da Desigualdade no Brasil – Um olhar sobre os que ficam para trás”.
Com dados do IBGE e metodologia do Banco Mundial, ela apontou as mudanças estruturais ocorridas entre os anos de 2003 e 2015, durante os governos Lula e Dilma, que permitiram melhorias de vida para os mais pobres, como renda, acesso a bens e serviços, educação, luz, água, saneamento básico e habitação. O levantamento mostra que foi reduzido de 9,3% para 1% a população em situação de pobreza crônica no Brasil.
Tereza alertou também que o governo Temer levanta mitos e inverdades sobre a reforma da Previdência.
Compareceu também o deputado federal Elvino Bohn Gass (PT).