Terremoto já matou mais de 11 mil pessoas. OMS estima que 23 milhões serão afetadas
Até a manhã desta quarta, no terceiro dia de buscas das vítimas, a Turquia somava 8.754 no terceiro mortos e a Síria, 2.530. Milhares de pessoas ainda estão sob os escombros
Publicado: 08 Fevereiro, 2023 - 10h37 | Última modificação: 08 Fevereiro, 2023 - 10h42
Escrito por: Redação CUT | Editado por: Marize Muniz
O terremoto de magnitude 7,8 na escala Richter que atingiu a Turquia e a Síria na madrugada de segunda-feira (6) deixou até esta quarta-feira (8) um saldo de mais de 11 mil mortos e pode atingir 23 milhões de pessoas e totalizar cerca de 20 mil mortes, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). As buscas entraram no terceiro dia e milhares ainda estão sob escombros.
Só na Turquia já foram encontrados os corpos de 8.754 pessoas e 50 mil estão feridas, de acordo com o vice-presidente turco, Fuat Oktay.
Na Síria, onde a população já sofre as consequências dramáticas de uma guerra civil que já dura mais de uma década, foram 2.530 mortos e 4.654 feridos até essa quarta, segundo levantamento do governo local e das equipes de busca. Nos dois países, milhares de pessoas ainda estão desaparecidas.
O pior terremoto em 84 anos
O terremoto, que abalou a região central da Turquia e o noroeste da Síria na segunda-feira, durou apenas um minuto e meio, mas foi o pior desde 1939 na região, muito propensa ao fenômeno por ser uma área de encontro de placas tectônicas.
O raio de alcance do tremor foi de 250 quilômetros e foi sentido em centenas de municípios e cidades dos dois países.
O tremor também foi sentido em Israel, no Iraque, no Chipre e no Líbano, mas não há registro de vítimas ou feridos nesses países.
Após o primeiro terremoto, a terra voltou a tremer cerca de 90 vezes em menor intensidade.
Turquia revive tragédia de 1999
A Turquia já passou por outra tragédia semelhante quanto, em 1999, um tremor de terra matou ao menos 17 mil pessoas, recorda texto da RBA. Na época, a população cobrou legislações para prevenção a terremotos, segundo a pesquisadora turca Asli Aydintasbas, do laboratório e instituto de ideias Brookings, em Washington, capital dos Estados Unidos.
Em artigo publicado nesta terça (7), no jornal The Washington Post, Asli conta que foi justamente essa uma das razões que inspirou no país um “enorme desejo por mudança” que beneficiou também o Partido Justiça e Desenvolvimento (AKP) do atual presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, que, agora, ela aponta como responsável por mais essa tragédia no país.
Responsabilidade de Erdogan
De acordo com a pesquisadora, conforme o líder da extrema-direita foi ampliando seu poder, o interesse em atender normas de segurança europeias erodiu. Apenas em 2018, quase duas décadas após o tremor de 1999, a Turquia aprovou a legislação de prevenção a terremotos. Mas essas regras não foram seguidas pelo presidente, que continuou encorajando a falta de supervisão tácita sobre o setor de construção, considerado uma “joia da coroa da economia”. Em 2013, o governo Erdogan prendeu em um protesto ainda o urbanista Tayfun Kahraman, um dos críticos dessa mentalidade de desenvolvimento desenfreado.
“Em 1999, nós aprendemos rapidamente que não é o terremoto em si que mata as pessoas, são os blocos de concreto fabricados pelo homem que matam”, escreveu Asli.
“O desastre natural é um aspecto da história. A dependência da Turquia em relação ao crescimento econômico impulsionado pela construção, o clientelismo e sua disposição em ignorar seus próprios padrões de construção são o outro. O primeiro foi inevitável. Foi o segundo que levou às mortes em massa? No mínimo, o povo turco terá todo direito de exigir uma investigação detalhada precisamente dessa questão”, concluiu no artigo.