Escrito por: Redação CUT

Trabalhador morre durante manutenção de equipamento na Refinaria Abreu e Lima

Sindipetro-PE/PB denuncia: a precarização nas relações trabalhistas e a priorização da produção em detrimento da segurança potencializam os riscos de acidentes como o que vitimou o trabalhador nesta segunda

Reprodução

Um trabalhador morreu, nesta segunda-feira (27), em um acidente durante a manutenção de um equipamento na unidade de ar comprimido da Refinaria Abreu e Lima (RNEST), no Complexo de Suape, em Ipojuca, no Grande Recife. O trabalhador da empresa terceirizada QWS, que atua na refinaria, foi atingido por ar comprimido em alta pressão, foi socorrido, mas não resistiu.

Segundo nota do Sindicato dos Petroleiros de Pernambuco e da Paraíba (Sindipetro-PE/PB), o trabalhador prestava serviços como técnico instrumentista terceirizado e estava há seis meses na refinaria.

“A precarização nas relações trabalhistas e a priorização da produção em detrimento à segurança são fatores que potencializam os riscos de acidentes dessa natureza, onde os mais prejudicados são as vítimas e seus familiares”, diz trecho da nota.

O Sindipetro-PE/PB, que tentou adiar a parada geral da refinaria e solicitou aumentar o período para que não houvesse pressa, afirma que constatou um aumento no número de acidentes mesmo com casos de subnotificação. A diretoria diz ainda que vai acompanhar de perto as investigações para que casos desse tipo não venham a acontecer novamente.

O auditor fiscal do trabalho Carlos Silva disse em entrevista ao G1-PE, que o trabalhador estava fazendo uma inspeção em uma válvula de alta pressão de vapor. Esse equipamento fica localizado na Unidade de Destilação Atmosférica, onde é feita a separação do diesel e outros componentes derivados do petróleo. A válvula, disse Carlos Silva, não suportou a pressão da linha de vapor e explodiu.

Por meio de nota, a Petrobras lamentou a morte do trabalhador e disse que ele "recebeu atendimento médico imediatamente no local, mas não resistiu".

Outros acidentes em refinarias da Petrobras

No último dia 23 de julho foi registrado um acidente na Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Betim. Uma gaveta da 03-P-08B instalada na subestação PT-02 explodiu.

No dia 15 de agosto, também na Regap, um vazamento de diesel contaminado quase provocou uma tragédia na unidade de hidrotratamento U-110, na Regap.

O Sindipetro-MG vem denunciando os riscos do baixo efetivo e mostrando o descaso com a manutenção na Regap. Nos últimos anos, a manutenção tem sido feita de forma menos criteriosa, com alterações na rotina de inspeção dos equipamentos.

Segundo a entidade, a produção e a exigência de trabalho são as mesmas, em alguns casos até aumentaram, mas o número de pessoas reduziu muito nos últimos dois anos, levando profissionais a trabalharem em dias de folga, com jornada diária elevada e sem entrar em acordo com o sindicato”.

No dia 20 de agosto, um incêndio atingiu a Refinaria de Paulínia (Replan), no interior paulista.  As chamas tiveram início após a explosão do tanque de águas ácidas, que fica no chamado craqueamento, unidade que tinha acabado de passar por manutenção e sofreu uma série de intervenções em seus equipamentos, segundo informações do Sindicato dos Petroleiros de São Paulo (Sindipetro).

Em 13 de fevereiro deste ano, a Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, registrou princípio de incêndio após vazamento de óleo diesel. Apenas um operador estava no local. Ele era o responsável por uma unidade inteira dentro de indústria de risco elevado. O trabalhador teve que chamar reforço para controlar a situação. Não houve feridos ou danos às instalações.