Escrito por: Redação CUT

Trabalhador que investiu FGTS em ações da Eletrobras perdeu 7% só no fim de semana

Ações da Eletrobras perderam 7% de valor desde sexta-feira. 370 mil trabalhadores investiram R$ 6 bilhões do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). CNE diz que ainda dá tempo de desistir da compra

Fernando Frazão / Agência Brasil

Cerca de 370 mil trabalhadores e trabalhadoras investiram R$ 6 bilhões de suas contas individuais do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), em compras de ações da Eletrobras, a estatal de energia privatizada pelo governo de Jair Bolsonaro (PL). Foi com esse dinheiro do trabalhador que a estatal pôde ser vendida, já que o preço atingido foi de R$ 29 bilhões, enquanto o valor mínimo era de R$ 25 bilhões. Ou seja, sem os R$ 6 bi o valor mínimo de venda não seria atingido.

Como todo o investimento na bolsa de valores é de risco, quem comprou ações da Eletrobras pagou na última sexta-feira (10), R$ 42,00 por cada ação e nesta segunda (13), seu valor havia baixado para R$ 39,00 – uma perda de pouco mais de 7% em apenas um final de semana.

A explicação para essa queda, segundo Tiago Vergara, dirigente do Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE), foi a desistência de grandes fundos de investimento em comprar ações. Desistiram o fundo soberano de Cingapura e um fundo de pensão do Canadá, por considerarem alto o valor de R$ 42,00 por cada ação.

O CNE recentemente pediu aos trabalhadores que evitassem o uso do FGTS na compra das ações da Eletrobras, pois de acordo com a entidade quem comprar não poderá se desfazer destas ações por um ano.

Em boletim, o CNE ressaltou que “se nesse período ocorrer um processo de reversão da privatização e da descotização, os acionistas de FGTS não poderão negociar saída da operação. Mesmo em caso de desvalorização vertiginosa que essa operação causará ao erário público e ao povo brasileiro”. h

Para quem investiu no negócio, ainda há tempo de desistir, diz Vergara. Segundo ele, a compra ainda não foi efetivamente efetuada, apenas reservada.

“Por enquanto é como se você reservasse um carro junto à uma locadora, mas ainda não pagou. Portanto, o negócio ainda não foi fechado”, explica o dirigente, que aconselha a quem desistir procurar seus direitos na justiça.

“ A bolsa de valores é um negócio de risco, enquanto o Fundo de Garantia é uma poupança que o trabalhador tem para um momento de desemprego, da aposentadoria e investir num imóvel, que é mais seguro”, conclui Vergara.

Ato contra privatização

O CNE, a Frente Brasil Popular e Frente Povo Sem Medo estão puxando atos em todo território nacional, e em especial na frente da Bolsa de Valores, em São Paulo, às 10h – com concentração a partir das 9h, nesta terça-feira (14). O endereço é R. Quinze de Novembro, 275, centro de São Paulo.