Escrito por: CUT -SE
Trabalhadora de Aracaju ficou presa em casa e ainda sofreu ofensas da patroa que a deixou sem comer
Trabalhadora doméstica desde os 12 anos, a senhora Valdeci procurou o Sindicato de Trabalhadores Domésticos de Sergipe ( Sindoméstico/SE) para denunciar que no dia 28/11, na cidade de Aracaju, a sua patroa a manteve trancada em casa contra sua própria vontade e assim foi exposta à fome, desespero, sentimento de impotência e humilhação.
A dirigente da Central Única dos Trabalhadores (CUT Sergipe) e vice-presidenta do Sindoméstico, Quitéria Santos, acolheu a trabalhadora na sede do sindicato. “Ela chegou muito nervosa, chorando sem parar. Não conseguia nem contar o que havia acontecido. Com certeza, foi um trauma ter ficado trancada e passando fome nesse dia ”, afirmou Quitéria.
A trabalhadora doméstica relatou que trabalhava na residência por 15 dias seguidos e folgava 15 dias. No entanto, era obrigada a ir para sua casa almoçar.
“Pra comer, eu tinha que levar a minha alimentação. Para eu tomar café, eu tinha que comprar o meu pão. O meu namorado me dava até dinheiro pra eu comprar minha alimentação, porém, eu saí da casa desta pessoa e espero que outras trabalhadoras não passem pela humilhação que eu passei. Domingo passado, foi um absurdo o que ela fez comigo”, recordou emocionada.
Valdeci telefonou várias vezes para o celular da patroa para tentar falar com ela, mas ela não atendeu. “Eu pedi a ela para eu sair e almoçar em minha casa, já que ela ia pra casa da filha dela. Porém, ela disse que não era pra eu sair. Trancou todos os portões e eu fiquei presa. Teve o temporal, tive medo de um curto circuito, de acontecer um incêndio e eu trancada dentro da casa dela. Liguei várias vezes para ela vir pra casa e para abrir a porta para eu almoçar, mas ela não atendeu e não veio. Quando chegou ainda me disse vários desaforos e xingamentos”, contou a trabalhadora.
Segundo Quitéria Santos, após a pandemia, com aumento do desemprego entre trabalhadoras domésticas, a carestia, a situação de fome que boa parte da população tem enfrentado, principalmente neste cenário, o sindicato precisa cumprir o seu papel em defesa dos direitos das trabalhadoras e trabalhadores domésticos.
“Já tomamos as providências legais e todas as trabalhadoras domésticas que forem vítimas de algum tipo de assédio e violência no local de trabalho, precisa procurar o sindicato e denunciar. Para quem sofreu trauma, queremos dar apoio psicológico. Vamos buscar parcerias neste sentido”, informou Quitéria.