Escrito por: Redação CUT
Segundo sindicalistas Amazon colocou câmeras perto de local de votação e mudar tempo de semáforos, impedindo que sindicalistas conversassem com trabalhadores, entre outras práticas constrangedoras
O resultado negativo da votação para a criação de um sindicato no centro de distribuição da Amazon, em Bessemer, no estado do Alabama (EUA), embora tenha frustrado os sindicalistas que viam a oportunidade de um fortalecimento do movimento sindical no país e em todo mundo, ainda não derrotou os representantes dos trabalhadores.
No total 1.798 foram contra a criação do sindicato e 738 em apoio à sindicalização. Esses números representam menos de 50% do total de votos de 5.800 trabalhadores do centro de distribuição. Dos 2.536 votos apurados, cerca de 55%, foram dados pelo correio devido às restrições da pandemia. A apuração foi realizada por videoconferência para um público de mais de 200 advogados, observadores e imprensa.
O resultado, porém, será contestado pelo Sindicato de Varejo, Atacado e Lojas de Departamento, devido ao que chama de “esforços numerosos e flagrantes da empresa para influenciar a votação de forma ilegal”.
A empresa, segundo e-mails obtidos pelo sindicato, pressionou o Serviço Postal dos EUA, para instalar uma caixa de correio, antes do início da votação, no estacionamento do centro, à vista de câmeras de segurança, depois ela foi retirada, o que teria intimidado os trabalhadores a depositar seus votos.
O sindicato acusa ainda a empresa de ter alterado o tempo dos semáforos de trânsito diante do edifício, o que deu menos tempo para falar com os empregados quando saíam do trabalho.
Além das dificuldades em conversar com os trabalhadores, o sindicato se queixa de que a Amazon fez campanha em reuniões de "audiência cativa", durante as quais advertia os empregados contra a sindicalização, assim como a exibição de cartazes contra o sindicato no centro de distribuição , inclusive nas cabines dos banheiros. A empresa nega todas as acusações.
A Contestação
Os sindicalistas vão apelar junto ao escritório local do Conselho Nacional de Relações Trabalhistas (NLRB na sigla em inglês), cujos membros são nomeados politicamente. A previsão é que a batalha jurídica demore meses até um resultado final.
Atualmente o órgão é comandado por um nomeado pelo Partido Republicano, mas seu mandato termina em agosto deste ano, e o conselho poderá ter maioria democrata, o que pode ajudar os sindicalistas, já que o próprio presidente dos EUA, o democrata, Joe Biden, em vídeo, apoiou a criação de um sindicato pelos trabalhadores da Amazon.
No início deste ano, a Câmara dos Deputados dos EUA, de maioria democrata, aprovou a Lei de Proteção ao Direito de se Organizar (PRO), que busca tornar ilegais muitas das táticas adotadas pela Amazon durante a campanha.
Com informações da Folha de São Paulo
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