Trabalhadores da Corsan paralisam contra projeto de privatização de Eduardo Leite
Trabalhadores da Companhia Riograndense de Saneamento paralisaram as atividades nesta terça contra o PL do governador que prevê a privatização da empresa que atende 317 dos 497 municípios gaúchos
Publicado: 10 Agosto, 2021 - 17h51 | Última modificação: 10 Agosto, 2021 - 17h57
Escrito por: CUT-RS
Debaixo de chuva, trabalhadores e trabalhadoras da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) realizaram uma paralisação, nesta terça-feira (10), em Porto Alegre, contra o projeto de lei do governador Eduardo Leite (PSDB), enviado no dia 12 de julho em regime de urgência aos deputados estaduais, pedindo autorização para a privatização da empresa que atende 317 dos 497 municípios gaúchos.
O ato começou em frente à sede da empresa, que fica no edifício do Banrisul, no Centro Histórico da Capital. Um vaso sanitário gigante foi inflado no caminhão de som com frases como "Querem colocar toda nossa água na privada", "Água privada não dá pra engolir" e "Onde a água foi privatizada o preço aumentou e o serviço piorou".
Houve manifestações de dirigentes da CUT-RS e do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgoto do Rio Grande do Sul (Sindiágua-RS) em defesa da Corsan pública. Logo após, centenas de trabalhadores de diversas regiões do Estado saíram em caminhada até a Praça da Matriz, onde fica o Palácio Piratini e a Assembleia Legislativa.
Eles carregavam uma faixa onde estava escrito: "Os gaúchos não querem que o governo venda a Corsan, o Banrisul e a Procergs". Durante a caminhada, os sindicalistas chamaram a atenção da população para a importância da água para a vida e pressionaram os deputados estaduais, para que votem contra o projeto do governador.
Governador mostra para quem governa
O presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, denunciou os interesses do governo tucano em transformar um bem público em mercadoria. “Saneamento é vida. Vocês (funcionários da Corsan) estão dando uma aula como trabalhadores do serviço público e defensores desse bem público, que é a água. Eduardo Leite faz exatamente a mesma coisa que Bolsonaro: implementa uma política neoliberal que entrega o serviço público aos interesses do setor privado”, apontou.
O dirigente sindical lembrou as mentiras do governador, que durante a campanha eleitoral prometeu não privatizar a Corsan e o Banrisul. “Ele vende exatamente porque dá lucro. Leite revela a sua verdadeira identidade, mostrando para quem ele governa”, disse.
Amarildo também argumentou sobre a necessidade de dialogar com a sociedade sobre a venda da estatal. “Privatizar a Corsan é precarizar o serviço e deixar a tarifa mais cara para a população. Desafiamos os trabalhadores da Corsan a se integrarem na luta pelo plebiscito popular, para perguntar para a população gaúcha se ela concorda com essa medida”, destacou.
Água é um bem de todos
O presidente do Sindiágua-RS, Arilson Wünsch, fez memória da luta histórica da categoria. “Defendemos desde sempre: água é um bem de todos, jamais pode ter um dono. Nossa luta não é pelos funcionários da Corsan e suas famílias, somente, mas também por todo o povo gaúcho que depende dos serviços da Companhia. Por isso, vamos até a Assembleia, para lembrar os deputados dos riscos para a população”, frisou.
"É uma empresa que presta um serviço de excelência na questão da água. O lamentável é que o governador Eduardo Leite no seu ímpeto de ser candidato a Presidente da República quer simplesmente ser livrar de tudo que dá lucro no Estado", ressaltou.
Arilson destacou a necessidade da luta. “A manifestação é um ato de suma importância, uma ausência no trabalho para defender a manutenção dos empregos de toda uma categoria é melhor do que a perda total dele, tenho certeza que muitos que perderam seus postos para a chegada da inciativa privada, hoje, trocariam dias de trabalho para defender seu emprego. Poderão vir outras oportunidades, fique atento, fique de sobreaviso, pois não vamos terceirizar essa luta, precisamos estar unidos e fortes para combater o desmonte do governo. A Corsan é fundamental para o funcionamento do nosso estado”.
“Com a privatização da Companhia, os municípios pequenos por não serem economicamente viáveis poderão ficar sem atendimento, pois não possuem atrativos para a iniciativa privada”, alertou o dirigente do Sindiágua-RS.
Defesa da soberania do povo gaúcho
Também participou do ato o deputado estadual Jeferson Fernandes (PT). “Por mais digno que seja a defesa do serviço público, nós estamos aqui defendendo a soberania do povo gaúcho, sobre o mais importante bem que a natureza nos deu: a água”, alertou.
“A água potável está em disputa no mundo. E esses que foram colocados aqui pelo Eduardo Leite não tem direito sobre esse patrimônio”, afirmou o parlamentar.
Mobilização no interior do Rio Grande do Sul
Ocorreram também paralisações no interior do estado. Em Osório, no Litoral Norte, foi entregue um manifesto contra a privatização da Corsan ao presidente da Câmara de Vereadores, Edi Morais (MDB).
Foram registradas mobilizações também nas cidades de Santo Ângelo (Região das Missões), Rio Grande (Zona Sul) e Santa Maria (Região Central).
Assista à transmissão da CUT-RS