Escrito por: RBA
Trabalhadores do Metrô, CPTM e Sabesp lançam nessa terça-feira um plebiscito popular para ouvir os paulistas sobre os planos do governador Tarcísio de Freitas de privatizar os serviços públicos
Trabalhadores da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) decidiram entrar em estado de greve por tempo indeterminado contra a privatização do sistema. Eles tomaram a decisão nesta segunda-feira (4) em assembleia na subsede do Sindicato dos Ferroviários da Central do Brasil (SindCentral) que representa os trabalhadores das linhas 11-Coral, 12-Safira e 13-Jade.
Ainda não há data para uma paralisação efetiva, mas a decretação do estado de greve por tempo indeterminado demonstra o “total descontentamento” com a política privatista do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Ainda em abril o governador autorizou a realização de estudos para privatização da Sabesp e das linhas de trens da CPTM que ainda são estatais. Do mesmo modo, o governo também pretende privatizar as linhas 1-azul, 2-verde, 3-vermelha e 15-prata do Metrô. No entanto, a gestão Tarcísio ainda não decidiu se pretende fazer uma concessão da administração das linhas ou abrir o capital do Metrô.
Estiveram presentes na assembleia dos ferroviários o representante do Comitê contra a Privatização da CPTM, Lucas Dametto, a presidenta do Sindicato dos Metroviários, Camila Lisboa, o diretor financeiro da CUT-SP, Douglas Izzo, além de representantes dos trabalhadores do funcionalismo paulista. Eles enfatizaram os problemas causados pela privatização nos transportes públicos e no saneamento básico. Além disso, os ferroviários também reafirmaram apoio à realização de um plebiscito contra as privatizações.
Nesta terça-feira (5), representantes dos trabalhadores, movimentos sociais, centrais sindicais e partidos políticos se reúnem na Quadra dos Bancários, no centro da São Paulo, para o lançamento do Plebiscito contra a Privatização da Sabesp, Metrô e CPTM. O objetivo é ouvir a população paulista sobre o desmonte proposto pelo governador. Para os trabalhadores, se levado adiante, o processo de privatização vai levar à precarizar do transporte público e do serviço de saneamento no estado. Além disso, as categorias afetadas também preparam uma paralisação conjunta em outubro.
No caso do Metrô e da CPTM, já é possível ter uma prévia do que poderá ocorrer com a entrega total desses serviços. As linhas dos dois serviços que já funcionam pelo modelo de concessão costumam apresentar mais atrasos, falhas, paralisações e até graves acidentes.
Já em relação ao serviço de saneamento, experiências internacionais e de outros estados do Brasil mostram que a entrega à iniciativa privada foi desastrosa. No Rio de Janeiro, onde a Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (CEDAE) foi vendida em 2021, a população sofre com tarifas mais caras e condições ruins da água que chega pelas torneiras.
De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente de São Paulo (Sintaema), após a privatização da Cedae, as contas de água registraram aumento de até 300%. Atualmente, a população fluminense paga, em média, 71% a mais que a paulista.
A piora também ocorreu em Paris, Berlim e outras 265 cidades pelo mundo, que reestatizaram os serviços de saneamento após constatarem os malefícios da privatização.