Escrito por: Redação CUT

Trabalhadores da Embraer estão em greve contra demissões e fim de supersalários

Empresa que anunciou a demissões de 2.500 trabalhadores paga R$ 100 a 46 privilegiados e R$ 50 mil a outros 127 chefes, mas tem conselheiro recebendo mais de 2 milhões por mês

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Os trabalhadores da Embraer entraram em greve nesta quinta-feira (3) contra as 2.500 demissões anunciadas pela empresa. De acordo com nota publicada no site do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, a paralisação impede a empresa de concluir os desligamentos porque a legislação brasileira proíbe a demissão de grevistas.

A greve foi deflagrada no mesmo dia que a Embraer anunciou a demissão direta de 900 trabalhadores. Esses cortes somam-se a outros 1.600 demitidos por meio de três PDVs (Programa de Demissão Voluntária).  

Além do cancelamento de todas as demissões, os trabalhadores protestam contra os supersalários na Embraer e o sindicato da categoria propõe um teto de R$ 50 mil para os executivos da empresa alegando que, com os salários que excedem esse valor, seria possível arcar com o pagamento de todos os demitidos.

Segundo o sindicato, documento oficial da Embraer, anexado ao processo  5004564-38.2020.4.03.6103, que corre na 3ª. Vara Federal de São José dos Campos, revela que há três salários superiores a R$ 1 milhão por mês na empresa. Um deles chega a R$ 2.170.666,62 e é descrito no documento como sendo de um conselheiro.

Há ainda o registro de 46 salários superiores a R$ 100 mil e 127 superiores a R$ 50 mil (dados de abril).

Cálculo realizado pelo Ilaese (Instituto Latino-Americano de Estudos Socioeconômicos) mostra que a massa salarial de 170 funcionários do alto escalão da Embraer pagaria os ordenados de 2.553 trabalhadores.

Negociação

Após o início da paralisação, decidida em assembleia na portaria da matriz, em São José dos Campos, uma comissão dos trabalhadores foi chamada pela direção da empresa. Os sindicalistas apresentaram suas demandas: cancelamento das demissões, estabilidade no emprego e equalização salarial. A Embraer se comprometeu, então, a dar resposta a essas reivindicações nesta sexta-feira (4).

Nesta sexta-feira (4), os trabalhadores realizam uma assembleia virtual para decidir os rumos da greve. “A decisão já foi tomada pelos trabalhadores e será apresentada à Embraer. A deflagração da greve é um grande passo na luta em defesa dos empregos”, afirma o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos Herbert Claros.