Escrito por: Érica Aragão
Em pouco mais de um mês três estados: Amapá, Piauí e Maranhão sofreram com apagões de energia. Trabalhadores da Eletrobras denunciam que empresas privadas são as responsáveis pelo serviço de má qualidade
O ano de 2021 inicia com mais demonstrações de que como a privatização do sistema de energia deixa frágil o abastecimento da população brasileira. Em dezembro do ano passado foi o Amapá que sofreu com um apagão que durou mais de três semanas. No início deste mês, foi a vez do Piauí e na sexta-feira (8) foi a vez dos moradores da capital do Maranhão, São Luis, sofreram com a queda de energia.
Depois de quatro horas no escuro, devido à queda de um cabo da empresa EDP Brasil em cima das linhas de transmissão da Eletronorte, na manhã da última sexta-feira (8), o povo de São Luis (MA), voltou a ter energia.
O que poucos sabem, é que os trabalhadores da estatal foram essenciais para restabelecer a energia na capital do estado. Os diretores do Sindicato dos Urbanitários no Maranhão (STIU-MA) explicaram em nota o ocorrido, se solidarizou com os trabalhadores da empresa privada e denunciou os riscos da privatização.
Cerca de 1,4 milhão de habitantes das cidades de São Luís, São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa ficaram e, segundo informações do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), por volta das 12h30, 100% do fornecimento à cidade já estava normalizado.
Em nota, o STIU-MA disse que assim que o cabo operado pela empresa privada caiu em cima das linhas de transmissão da Eletronorte os técnicos da empresa pública do Sistema Eletrobrás, imediatamente, foram para o local e conseguiram resolver o problema no tempo recorde.
“O caso do Amapá foi gravíssimo, seguido do apagão no Piauí (com a distribuição privatizada recentemente) e agora, o apagão na capital do Maranhão. Não é uma coincidência, é a realidade da privatização: trabalho precarizado e lucro acima de tudo. Enquanto o setor elétrico nacional público, ameaçado de privatização, é exemplo de força e soberania”, diz trecho do documento divulgado na tarde de sexta.
“Não podemos deixar que a população seja enganada, privatizar não é o caminho. Tivemos uma amostra significativa do que é deixar nas mãos do setor privado uma área tão estratégica como é a do Setor Elétrico. Desde o golpe de 2016 há uma luta árdua dos trabalhadores e das trabalhadoras contra a privatização do sistema Eletrobrás e a cada momento que passa se intensifica ainda mais, tendo em vista que o atual governo entreguista tem atacado constantemente a empresa”, afirmou a diretora da CUT Brasil e secretária de Políticas Sociais do STIU-MA, Aline Marques.
A entidade também lembra que os apagões estão rondando os estados brasileiros que contam com serviços de empresas privadas e afirma que a política nefasta do governoFederal quer fragilizar e destruir esse grande patrimônio do povo brasileiro, privatizando a Eletrobras, a Eletronorte e as demais empresas públicas, e demitindo trabalhadores.
O STIU-MA também destaca que só no Maranhão, a Eletronorte notificou quase 60 trabalhadores para demissão. Atualmente, a empresa possui um quadro enxuto com cerca de 280 empregados. Com as demissões, setores estratégicos serão esvaziados. E segundo a entidade sindical, são estes trabalhadores e trabalhadoras - técnicos, engenheiros, operadores que hoje foram para a linha de frente da recuperação do sistema para reestabelecer a energia em São Luís.
“Nós seguimos firmes, lutando contra a privatização do setor elétrico, servindo a população brasileira e sendo a energia que desenvolve e ilumina o Brasil”, diz trecho final da nota do STIU-MA.
*Editada por Rosely Rocha