Escrito por: Redação CUT
Trabalhadores do setor formaram uma ampla frente em defesa da maior estatal mineira
Diante da ameaça de venda da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) pelo atual governo do empresário Romeu Zema, os trabalhadores e trabalhadoras do setor formaram uma ampla frente em defesa da maior estatal mineira.
O Estado de Minas detém 50,98% das ações ordinárias da Cemig e não é de hoje que grupos privatistas tentam vender a empresa e suas subsidiárias, segundo o Sindicato dos Eletricitários de Minas Gerais (Sindieletro-MG), que lidera a iniciativa da frente ampla.
A luta da categoria, que conquistou o amplo apoio da sociedade e de diversos setores, já conseguiu barrar duas tentativas de privatização da estatal. Em 2001, o Sindicato conseguiu, com forte mobilização dos trabalhadores e da população mineira, reverter a venda de ações da Cemig aos sócios norte-americanos.
Em 2014, os trabalhadores da Gasmig denunciaram a movimentação na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) da PEC 68, que permitia a transferência de ações das empresas de administração indireta para a iniciativa privada. Mais uma vez, com a forte mobilização da categoria, o projeto foi engavetado.
O coordenador-geral do Sindieletro, Jefferson Silva, reconhece que o atual momento exige mais mobilização da categoria. Mas, segundo ele, a luta dos eletricitários conquistará o apoio da sociedade, uma vez que a privatização da empresa ameaça a qualidade dos serviços prestados à população e a segurança do sistema elétrico, com reflexos até mesmo no valor das tarifas.
“Somos capazes de grande resistência e teremos mais uma vez apoio de vários setores da sociedade”, acredita.
Experiência testada
A onda de privatizações, na década de 1990, prometia melhorias e modernização de diversos setores estratégicos, além do pagamento da dívida pública. Essas promessas, diz o dirigente do Sindieletro, nunca se concretizaram, o que comprova a ineficiência das desestatizações.
Ele cita como exemplo "da aventura privatista no país" a área de telefonia. "Completamente privatizado, hoje o setor é campeão em reclamações nos órgãos de fiscalização e regulação, pratica altas tarifas, o serviço e a tecnologia são de péssima qualidade, e os empregos gerados são precarizados, em sua maioria terceirizados".
Pesquisa
Uma pesquisa feita por 11 organizações europeias mostra que, devido a falta de eficiência das privatizações, de 2000 até hoje, foram remunicipalizadas 265 empresas de saneamento básico em países da Europa e outros continentes. Uma das autoras da pesquisa, Satoko Kishimoto, afirma que as privatizações do saneamento estão sendo revertidas pelos problemas reincidentes de tarifas altas, serviços ineficientes e poucos investimentos dos setores privados.
*Com informações Sindieletro-MG