Escrito por: Redação BdF

Na Paraíba, protesto dos agricultores familiares foi na sede da Receita Federal

"Os que produzem comida nesse país estão clamando por subsídio agrícola", disse Dilei Schiochet do MST

Luana Carolina

Um ato simbólico, realizado nesta quarta-feira (16), em frente ao prédio da Receita Federal, em João Pessoa (PB), marcou a denúncia dos movimentos populares para a ausência de políticas públicas voltadas para a agricultura familiar, em especial para os agricultores afetados pelas enchentes dos últimos meses.

Leia mais: Em 4 estados do Sul e no MS, agriculgtores protestam nas estradas contra falta de ajuda para enfrentar 3 anos de seca 

Em Porto Alegre, protesto começou nas primeiras horas da manhã.

A ação foi organizada pelo Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST-PB), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB), Federação dos Trabalhadores Rurais e Agricultores Familiares do Estado da Paraíba (Fetag), Levante Popular da Juventude e Central Única das Trabalhadoras e Trabalhadores da Paraíba, além da presença do Movimento das Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD).

"Agro é seca, enchente e fome!: Agricultura familiar é solução para a fome e a natureza!", dizia a faixa empunhada pelos manifestantes.

"Os que produzem comida nesse país estão clamando por subsídio agrícola. O campo está enfrentando a fome, necessidade de produzir e uma forte seca em todo o Brasil, fruto do desmatamento da Amazônia que influencia o bioma nacional e nós estamos no  terceiro ano de seca, com mais de 600 mil mortes, e não recebemos nenhum subsídio sequer para produzir alimento, muito pelo contrário", explicou Dilei Schiochet, dirigente do MST na Paraíba.

"Esse governo ainda aprova o PL do Veneno para fortalecer o grande proprietário que não produz comida, só produz commodities agrícola para vender. Hoje, a agricultura familiar que poderia subsidiar alimento para o povo brasileiro está em uma situação péssima. Ninguém aguenta mais o preço da comida, nós tivemos um aumento nos últimos anos de 30% a 50% do preço dos alimentos e nós temos quase 1 milhão de pessoas nesse país que não estão se alimentando adequadamente. Isso é insuportável nesse país. Hoje é um esquenta", disse o dirigente.

Dilei afirmou ainda que "esse ano será um ano de luta porque nós precisamos resolver a coisa básica: a comida do povo e precisamos motivar as pessoas que lutam para produzir comida, agronegócio não produz comida. E não culpemos São Pedro porque não chove, é a política de desmatamento do governo Bolsonaro e o agronegócio que está destruindo o meio ambiente. Portanto, os únicos que podem salvar o planeta é a agricultura familiar, é a agricultura camponesa".

Tião Santos, da CUT-PB, lembrou que quem garante a alimentação nas cidades é a agricultura familiar, no entanto, o governo tem causado sofrimento para essa categoria. "Para esse governo, o que está em evidência é o agronegócio. Esse ato é para denunciar a injustiça, a PL do Veneno, cobrar que a Lei Assis de Carvalho (Lei 14.275, de 2021) seja cumprida e estamos juntos para fortalecer essa luta", disse Tião.

A Lei Assis Carvalho prevê medidas emergenciais de apoio à agricultura familiar impactada pela pandemia. Apesar do veto pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) à lei, o Congresso Nacional reverteu a situação e garantiu que agricultoras familiares tenham suas dívidas rurais prorrogadas e auxílio de R$ 2.500 reais por família.

Além disso, as medidas garantem de fomento à produção de alimentos, implantação de cisternas e diversas outras tecnologias de acesso à água, bem como uma aliada no incentivo à compra dos alimentos da agricultura familiar e no combate a insegurança alimentar e nutricional. A lei tem validade até 31 de dezembro de 2022, no entanto, por falta de compromisso político, até agora nada foi feito.

A CPT, que também esteve presente no ato, disse que estão na luta por Fora Bolsonaro. "Nós produzimos o alimento para a mesa da população brasileira e não aceitamos a continuidade da exploração do nosso povo e da negação do nosso povo do campo. Estamos na busca da dignidade para o nosso povo", disse Jéssica Silva, da Comissão Pastoral da Terra.

O Levante Popular da Juventude também lembrou que a luta é por Fora Bolsonaro. "Estamos lutando pela agricultura familiar e pela ausência de veneno na nossa comida, mas principalmente lutando por Fora Bolsonaro. As pessoas que moram no campo estão empobrecidas pela falta de políticas para a agricultura familiar. Esse governo só gerencia mortes para as nossas casas, seja pelos agrotóxicos, seja pelo desmatamento, ou pela carestia, por isso estamos aqui para lutar por Fora Bolsonaro e estamos construindo uma alternativa que nessas eleições derrote o bolsonarismo no nosso país", explicou Abraão Moura.

Para a Federação dos Trabalhadores Rurais e Agricultores Familiares do Estado da Paraíba (Fetag) a luta também é contra as políticas do presidente Bolsonaro (PL). "O Agro tem tudo e nós não temos nada. Bolsonaro realizou um desmonte de todas as políticas públicas voltadas para a agricultura familiar e agora não quer cumprir a Lei Assis de Carvalho", declarou Josildo, da Fetag.

Osvaldo Bernardo da Silva do MAB lembrou que o governo de Bolsonaro está destruindo a vida dos camponeses e do povo urbano, com a liberação de veneno e não executando a reforma agrária. " Para que o povo tenha uma vida tranquila e feliz, com saúde é a agricultura familiar. Qual melhor o projeto de sociedade, o da agricultura familiar ou do agronegócio que mata e destrói? A Agricultura familiar é a única saída para produzir alimentos saudáveis para o povo brasileiro", afirmou.

Fonte: BdF Paraíba

Edição: Heloisa de Sousa