Escrito por: Tiago Pereira | RBA
Metroviários querem impedir a realização de um pregão que terceiriza os serviços de atendimento nas estações, marcado para a próxima terça-feira (10). Categoria decide ainda hoje se haverá nova greve
Os trabalhadores do Metrô de São Paulo realizam assembleia extraordinária nesta quinta-feira (5) para decidir a convocação de uma nova greve contra as privatizações. Desta vez, a prioridade é tentar derrubar a terceirização dos serviços de atendimento nas estações. O pregão está marcado para a próxima terça-feira (10). Além disso, o governador Tarcísio de Freitas também pretende terceirizar 17 serviços de manutenção do Pátio Oratório, da linha 15-Prata (Monotrilho).
Desse modo, o Sindicato dos Metroviários de São Paulo (Metroviários-SP) propõe a realização de uma greve por tempo indeterminado na semana que vem. A categoria também vai deliberar sobre as datas da paralisação – se no próprio dia 10 ou no dia anterior. A votação vai até às 23h.
A presidenta do sindicato, Camila Lisboa, mandou um recado a Tarcísio. “Se vocês não querem ver uma nova greve na semana que vem, retirem os editais de terceirização”. Para ela, tanto a terceirização dos serviços de atendimento, quanto da manutenção do Monotrilho, prejudicam a população. Ela cobrou solidariedade dos demais metroviários que executam outras funções. “O que está em jogo são os nossos postos de trabalho”.
“Para quem não sabe, são os agentes de estação quem conduzem as pessoas com deficiência, quem atende as pessoas que sofrem mal súbito ou algum acidente. São quem orientam e informam aos milhões de pessoas que passam nas 63 estações do metrô. A nossa função é fundamental para que haja um serviço pleno e de qualidade”. Nesse sentido, em vez de terceirizar, Camila afirmou que Tarcísio deveria abrir concurso público para ampliar os serviços de atendimento.
Caso a categoria aprove a greve, a direção do sindicato propõe reafirmar o desafio da catraca livre. Em vez de paralisarem os serviços, os metroviários trabalhariam normalmente, desde que o governo concorde em abrir mão da cobrança das passagens no dia da mobilização.
“A catraca livre pode funcionar muito bem. Funcionou no dia das eleições do ano passado. Diferente do que falou o governador, que pode ter tumulto, nós estamos nas estações todos os dias, e achamos que a população não é vândala nem mal-educada”, afirmou a líder metroviária.
“Então, o governador e o presidente do metrô tem duas alternativas para evitar a greve. A primeira delas: retira o edital de terceirização. A segunda, se não quer greve, que libere a catraca e preserve o direito democrático dos trabalhadores de protestarem contra seus postos de trabalho”, acrescentou. Ela destacou que “não há nada mais legítimo” do que lutar e fazer greve em defesa da manutenção dos postos de trabalho.
Além disso, independentemente da aprovação da greve ou não, outra proposta em deliberação é a realização de um “grande ato” público na semana que vem, para protestar pela derrubada dos editais de terceirização. Nesse sentido, a categoria espera contar com a participação dos movimentos sociais e dos demais sindicatos que compõem a luta contra as privatizações de Tarcísio. Além do Metrô, o governo pretende privatizar também a CPTM e a Sabesp.
Trabalhadora do Metrô, Camila afirmou que a greve unificada na última terça-feira (3) serviu para “escancarar” as intenções de Tarcísio em privatizar os serviços essenciais. “Conseguimos colocar o debate da luta contra as privatizações na boca do povo. Tarcísio queria aprovar essas privatizações na surdina. Mas nós conseguimos também desmascarar o que o governador disse, que eram só estudos. Como é que são só estudos se o governador já colocou no Orçamento de 2024 a previsão de arrecadação com a venda da Sabesp? Como é que são só estudos, se já está marcado o leilão de concessão da linha 7-Rubi para 29 de fevereiro (de 2024)?”, questionou Camila.