Trabalhadores do mundo se unem por Lula Livre, afirmam sindicalistas
A liberdade de Lula é a liberdade de todos os trabalhadores do Brasil e de toda a América Latina, disse Roberto Baradel, da CTA Argentina, durante o 13º Concut. Ex-presidente receberá prêmio da UGT da Espanha
Publicado: 09 Outubro, 2019 - 12h42 | Última modificação: 09 Outubro, 2019 - 17h02
Escrito por: Rosely Rocha
A liberdade do ex-presidente Lula Livre, a defesa da democracia, a luta contra a retirada de direitos e contra os governos neoliberais que estão sendo travadas no Brasil unem a classe trabalhadora de todo o mundo.
É isso que ficou claro em vários discursos feitos por sindicalistas de 50 países que estão participando do 13º Congresso Nacional da CUT “Lula Livre” – Sindicatos Fortes, Direitos, Soberania e Democracia, que está sendo realizado na Praia Grande, litoral de São Paulo. Na quinta-feira (10), último dia do 13º Concut, será eleita a nova direção Executiva Nacional da Central.
O secretário-geral da UGT, a maior central espanhola, Pepe Alvarez, anunciou que a entidade, a mais antiga do sindicalismo espanhol com 130 anos de existência, instituiu um prêmio internacional e o primeiro será dado a Lula. O ex-presidente é mantido preso político na Sede da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, desde o 7 de abril do ano passado, depois de um processo fraudulento comandando pelo ex-juiz Sérgio Moro, que virou ministro da Justiça do governo de Jair Bolsonaro (PSL), que ajudou a eleger prendendo Lula, sem crime e sem provas, durante o processo eleitoral.
“Para os trabalhadores de todo o mundo, Lula é como Mandela [ex-presidente da África do Sul, que ficou preso por 27 anos, por sua luta contra o apartheid]. A libertação de Lula é uma exigência de todo o sindicalismo internacional “, afirmou Alvarez.
O sindicalista disse ainda que os trabalhadores da América Latina e da Europa passam por momentos muito difíceis e que, na Espanha, as organizações sindicais estão trabalhando para recuperar os direitos roubados pelas crises econômicas e que a luta é para devolver os direitos e a liberdade que estão sendo retiradas em todo o mundo.
O dirigente da UGT/Espanha também destacou que as resoluções deste Concut serão importantes para o sindicalismo global. Ele citou como exemplo a luta dos trabalhadores espanhóis para a redução de jornada para 32 horas semanais para que eles tenham o direito de se beneficiar das novas tecnologias e que, por isso, vê como muito importantes as discussões que estão sendo feitas no Concut sobre o futuro do trabalho.
O representante da Confederação Italiana de Sindicatos de Trabalhadores (CISL) Luigi Cal lembrou que dirigentes italianos estiverem presentes em 1981, na Praia Grande, para acompanhar o primeiro congresso dos trabalhadores que anos depois levou ao surgimento da CUT.
“Foi um processo extraordinário de luta contra o sindicalismo corporativo controlado pelo Estado e, em direção a um sindicalismo dos trabalhadores baseado na autonomia e liberdade sindical”.
Apesar das boas lembranças do passado recente, Luigi diz que sua entidade está preocupada com os atuais dias e que é preciso uma grande mobilização para mudar a política econômica e social em toda a União Européia.
A luta na Europa não é distante da de vocês. Hoje o movimento sindical é a ponte mais sólida que une pessoas em todo o mundo. O que precisamos fazer é relançar, reforçar as razões de nações baseadas em inclusão e solidariedade. Precisamos globalizar a solidariedade, como nos chamou a atenção o Papa Francisco
E por esses motivos, segundo Luigi, sua entidade é solidária com a luta pela liberdade de Lula e contra os atos antissindicais do governo de Jair Bolsonaro (PSL) e em favor dos povos da Amazônia ameaçados por um desenvolvimento predatório e destrutivo do atual governo brasileiro.
“Há uma transformação do sistema de produção que tende a pulverizar o trabalho, dissipar o meio ambiente e recursos naturais e aumentar o desemprego e gerar conflitos sociais. O nosso Instituto de Cooperação Sindical está presente há 10 anos no Alto do Solimões. Lá demonstramos que é possível um desenvolvimento socioambiental e da natureza da Amazônia. Este é o futuro do sindicalismo internacional”, declarou.
O representante da CTA Argentina Roberto Baradel também manifestou a solidariedade da sua entidade ao ex-presidente Lula. Segundo ele, a liberdade de Lula é a liberdade de todos os trabalhadores do Brasil e de toda a América Latina.
“Estamos juntos com as luta da CUT. Vamos lutar por uma solidariedade internacional e mudar os governos neoliberais. Fora Bolsonaro, fora [Maurício] Macri”, disse se referindo aos presidentes do Brasil e da Argentina, respectivamente.
Para o sindicalista argentino, é preciso mudar o atual governo de Macri e colocar na presidência do seu país o peronista Alberto Fernández, candidato que segundo as últimas pesquisas, é o favorito à presidência da Argentina.
“Fernández visitou Lula na prisão, anunciou que vai se retirar do grupo de Lima [grupo apoiado pelos Estados Unidos e o Brasil que pressiona a Venezuela para a saída de Nicolás Maduro do poder]. Vamos derrotar o neoliberalismo na América Latina para construir uma pátria de trabalhadores. Viva Lula”, encerrou.
O avanço de governos neoliberais em várias partes do mundo coloca em risco direitos e a própria vida de trabalhadores, das trabalhadoras , negros, indígenas e lideranças sindicais, denunciaram outros representantes de sindicatos internacionais.
Para Jean Charalitte, da CSN Quebec/Canadá, os trabalhadores do seu país seguem sérios riscos de perder direitos duramente conquistados caso o partido de extrema direita venças as próximas eleições marcadas para o próximo dia 21. Segundo ele, o Partido Conservador, de oposição ao atual governo de Justin Trudeau, tem o apoio do presidente do Estados Unidos, Donald Trump.
“Somos vizinhos de um presidente racista, misógino, machista e neoliberal , como Jair Bolsonaro, aqui no Brasil, que apoia um partido conservador, de extrema direita que, quando no poder durante 10 anos , retirou direitos dos sindicatos, dos trabalhadores. Se eles vencerem as próximas eleições vão nos golpear e atacar”, declarou o dirigente canadense.
Jean, porém, disse que apesar desse perigo, a CSN não vai deixar de lutar pelos direitos dos trabalhadores do mundo.
“Faço aqui uma promessa. Vamos continuar a luta do sindicalismo internacional. Apoiar e fortalecer os laços com a CUT, que representa um sindicalismo de esquerda . Vamos lutar pela liberdade de Lula. Viva Lula, Lula Livre!”.
A representante das Comissões Obreras da Espanha, Cristina Faceaben, que faz parte do Comitê Lula Livre, naquele país, reafirmou sua solidariedade ao povo brasileiro. Cristina pregou a união da classe trabalhadora em todo o mundo contra os ataques do neoliberalismo à democracia e aos governos que só governam para as elites.
“A pobreza voltou ao Brasil e pode voltar também à Espanha, que tem políticos incapazes de construir um governo de esquerda e progressista. mas vamos continuar lutando por um sindicalismo mais forte e lutar contra o fascismo de Bolsonaro e outros fascistas do mundo”, anunciou.
A dirigente também denunciou a repressão aos povos indígenas do Equador, que vem sendo feita pelo presidente Lenín Moreno, nos mesmos moldes que Recep Tayyip Erdoğan, presidente da Turquia vem fazendo com o povo curdo.
Ivan Dionísio, da CUT Colômbia, denunciou o assassinato de homens, mulheres,negros e indígenas, por motivos raciais.
“Nossos líderes estão sendo assassinados por pensar diferente”, denunciou.
Por último, Dionísio pediu por Lula Livre.
“Lula não é apenas um homem, Lula é o povo trabalhador”!