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Trabalhadores dos Correios podem entrar em greve no início de março

Categoria fará assembleias em todo país em 3 de março. Se aprovada, greve terá início no dia seguinte. Luta é contra a privatização dos Correios e a preservação de 99 mil empregos

Publicado: 17 Fevereiro, 2020 - 09h00 | Última modificação: 17 Fevereiro, 2020 - 10h36

Escrito por: Rosely Rocha

Edson Rimonatto
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Os trabalhadores e trabalhadoras dos Correios devem entrar em greve a partir do dia 4 de março. A categoria se prepara para realizar assembleias em todo o país, no dia anterior (3). As assembleia devem envolver cerca de 99 mil trabalhadores, de 36 sindicatos filiados a e não filiados à Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect).

O presidente da Fentect, José Rivaldo da Silva, justifica a ação, após a decisão de Jair Bolsonaro e do ministro da Economia, o banqueiro Paulo Guedes, de privatizar a empresa, um dos símbolos de excelência do serviço público, com premiações conquistadas no Brasil e no mundo.

“Estamos atuando para barrar a privatização, mas precisamos do apoio da população, de movimentos nas ruas, de protestos contra os ataques que estão ocorrendo contra as empresas públicas”.

O dirigente ressalta a importância dos Correios, como estatal, que está presente em todos 5.570 municípios brasileiros, e que, além de entrega de correspondência e encomendas de produtos, presta vários serviços em suas agências, como a emissão, regularização e alteração de CPF; emissão de certificado digital; entrada no seguro por acidente de trânsito (DPVAT); distribuição de kit da TV Digital e pagamento a aposentados de INSS, entre outros serviços. 

“Recentemente tivemos um papel fundamental em ajudar a entrega de doações na última enchente que afetou tragicamente o estado de Minas Gerais”, conta Rivaldo.

O papel social dos Correios também é exaltado pelo secretário de imprensa da Fentect, Emerson Marcelo Gomes Marinho. De acordo com ele, não é apenas a empregabilidade de dezenas de milhares de trabalhadores que está em jogo, mas o papel essencial que os Correios faz nas áreas mais remotas do país, onde nenhuma empresa particular quer ir porque para ela é prejuízo financeiro.

“Nós temos um papel social muito forte e enraizado dentro da nossa empresa que é pública”, afirma o secretário da Fentect.

 Família Bolsonaro quer o desmonte dos Correios

O desmonte dos Correios vem sendo arquitetado também pelo filho de Jair Bolsonaro, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL/P). Ele apresentou o Projeto de Lei nº 7488/2017, que visa a quebra do monopólio postal. Outra medida  neste sentido é a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 149 , de autoria do deputado General Peternelli (PSL/SP) que pretende alterar os incisos X e XII do art.21 da Constituição Federal, para permitir que o serviço postal possa ser explorado mediante autorização, concessão ou permissão.

“Essas medidas vão acabar fragilizando a situação financeira dos Correios. 43% da entrada da receita vêm do monopólio de entrega de correspondência”, alerta o secretário de imprensa da Fentect.

Resistência e luta dos trabalhadores

Além da greve programada para o próximo mês março, os trabalhadores dos Correios vêm articulando conversas com os parlamentares e audiências públicas na Câmara Federal e Assembleias Legislativas para que eles entendam a importância da estatal e quais os prejuízos que a sociedade brasileira terá com sua privatização.

Também já estão sendo coletadas assinaturas no site do Senado  de uma “ Sugestão Legislativa”, uma consulta pública, para que a população apóie a luta dos trabalhadores dos Correios. Com um número expressivo de assinaturas, os  senadores receberão esses relatórios que servirão para pressioná-los contra a privatização dos Correios.

“A consulta pública abre mais um canal dentro do Senado para que sejam promovidas audiências públicas, com debates mais técnicos sobre a importância dos Correios para o Brasil e os brasileiros”, defende o presidente da Fentect, José Rivaldo da Silva.