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Trabalhadores e patrões celebram compromisso de combate à LGBTQIA+fobia

Evento na sede CUT reuniu dirigentes de organizações para celebrar assinatura da Carta de Princípios fruto de projeto voltado para ação sindical inclusiva

Publicado: 30 Julho, 2024 - 10h33 | Última modificação: 30 Julho, 2024 - 10h49

Escrito por: Sérgio Pais e João Andrade para CNTRV

Roberto Parizotti
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Em clima de emoção, dirigentes de entidades representativas de trabalhadores e patrões do ramo do vestuário se reuniram na última sexta-feira (26/7) no auditório da CUT, na capital paulista, para celebrar a assinatura de um termo de compromisso contendo princípios e ações de respeito aos direitos das pessoas LGBTQIAPN+ no ambiente do trabalho que devem ser seguidos pelos signatários do documento.

A assinatura deste termo de compromisso representa um dos momentos mais importantes do projeto “Nós Vestimos Todas as Cores”, desenvolvido em parceria entre o DIEESE e a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Vestuário da CUT (CNTRV), com apoio do Labora/Fundo Brasil. O objetivo do projeto é o de promover ações de combate à LGBTfobia nos ambientes de trabalho na indústria da moda. 

A Carta de Princípios (veja íntegra abaixo) foi assinada pela CNTRV-CUT, por seu Coletivo Nacional LGBTQIAPN+, e pelas três maiores organizações patronais do setor do vestuário: Associação Brasileira do Varejo Têxtil (Abvtex), Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT) e Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados). 

“Estamos felizes com o andamento do projeto, mas os desafios seguem enormes, tanto para as nossas representações sindicais como para as dos patrões. Temos de levar todo esse aprendizado para o local de trabalho, porque é lá onde se dá a descriminação”, disse Cida Trajano, presidenta da CNTRV.

Além de dirigentes das organizações signatárias do documento, como Edmundo Lima (Abvtex), Camila Zelezoglo (Abit) e Giliardi Gonçalves (Coletivo Nacional LGBTQIAPN+ da CNTRV), também participaram do evento as pesquisadoras do Dieese Laura Benevides e Luisa Cruz, os representantes da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Gabriel Vettorazzo, e do Labora/Fundo Brasil, Amanda Camargo, e dezenas de dirigentes sindicais do ramo do vestuário de várias regiões do país.

“É uma iniciativa superimportante porque estamos falando de dignidade das pessoas e também da necessidade de levantar esse debate que envolve um fator social, e que vem contaminado por um ranço da sociedade em relação à LGBTfobia. Esse debate precisa ser acolhido pelas empresas, e a Carta de Princípios concretiza essa intenção de aprofundar essa discussão”, disse o diretor-executivo da Abvtex.

Troca de experiências

Para o titular da Secretaria Nacional de Políticas LGBTQIA+ da CUT, Walmir Siqueira, a iniciativa desse projeto é de extrema importância não só para o ramo do vestuário, mas para a Central como um todo. Para ele, é muito bom ver um grupo de pessoas interessado em fazer formação e passar informação qualificada do tema, além de dar espaço para a comunidade LGBT mostrar suas necessidades.

“Entendemos a particularidade do ramo do vestuário, mas essa realidade existe em todas as categorias. A CNTRV está fazendo parte da história de luta pelo fim da LGBTfobia e esse momento é histórico também para a nossa central. Iniciativas como essa podem mostrar a todo conjunto de dirigentes sindicais que é possível fazer. Nossa ideia é divulgar ao máximo esse projeto para os representantes das CUTs estaduais e para outras confederações, não só para dividirmos experiências, mas também para incentivar o debate”, completa o dirigente.

O projeto “Nós Vestimos Todas as Cores” é considerado uma iniciativa inédita no setor industrial do movimento sindical brasileiro e teve início em 2020, inicialmente em parceria com o Solidarity Center, uma organização ligada à AFL-CIO, maior central sindical norte-americana. Para Cida Trajano, a conquista da Carta de Princípios representa um marco histórico na luta pelo combate à discriminação e à LGBTfobia nos ambientes de trabalho do ramo vestuário. 

Ação sindical é nova etapa

Após a cerimônia de celebração de assinatura da Carta de Princípios, lideranças das regiões sul, sudeste e nordeste debateram formas e estratégias de seguir promovendo o combate à discriminação por razão de gênero ou orientação sexual diversa. 

“O projeto é inovador e completo, pois abriu espaço de diálogo social, destacou a importância da formação dos dirigentes, e ainda gerou frutos durante o seu andamento. A LGBTfobia é um problema complexo e não apenas uma situação pontual no ambiente de trabalho e a comunicação com as bases é um compromisso dos dirigentes para fortalecer e enraizar o projeto”, destacou Laura Benevides, pesquisadora do Dieese. 

No encerramento do encontro, Cida Trajano destacou que o evento de celebração da assinatura da Carta de Princípios não representa o encerramento do projeto, que deve ter continuidade através da ação sindical de base, no diálogo social com sindicatos patronais locais e na negociação de cláusulas específicas com vistas à proteção e ampliação dos direitos de trabalhadores e trabalhadoras LGBTs. 

 ta de Princípios

  1.     Promover ambiente respeitoso, seguro e saudável para as pessoas LGBTQIAPN+
  2.     Sensibilizar e educar para o respeito aos direitos LGBTQIAPN+
  3.     Promover igualdade de oportunidades e tratamento justo às pessoas LGBTQIAPN+
  4.     Comprometer-se, presidência e executivos, com o respeito e com a promoção dos direitos LGBTQIAPN+
  5.     Promover ações de desenvolvimento profissional de pessoas LGBTQIAPN+
  6.     Promover o desenvolvimento econômico e social das pessoas LGBTQIAPN+ na cadeia de valor
  7.     Promover e apoiar ações em prol dos direitos LGBTQIAPN+ na comunidade

Veja reportagem da TVT sobre a assinatura da carta-compromisso