Escrito por: Sérgio Pais e João Andrade para CNTRV
Evento na sede CUT reuniu dirigentes de organizações para celebrar assinatura da Carta de Princípios fruto de projeto voltado para ação sindical inclusiva
Em clima de emoção, dirigentes de entidades representativas de trabalhadores e patrões do ramo do vestuário se reuniram na última sexta-feira (26/7) no auditório da CUT, na capital paulista, para celebrar a assinatura de um termo de compromisso contendo princípios e ações de respeito aos direitos das pessoas LGBTQIAPN+ no ambiente do trabalho que devem ser seguidos pelos signatários do documento.
A assinatura deste termo de compromisso representa um dos momentos mais importantes do projeto “Nós Vestimos Todas as Cores”, desenvolvido em parceria entre o DIEESE e a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Vestuário da CUT (CNTRV), com apoio do Labora/Fundo Brasil. O objetivo do projeto é o de promover ações de combate à LGBTfobia nos ambientes de trabalho na indústria da moda.
A Carta de Princípios (veja íntegra abaixo) foi assinada pela CNTRV-CUT, por seu Coletivo Nacional LGBTQIAPN+, e pelas três maiores organizações patronais do setor do vestuário: Associação Brasileira do Varejo Têxtil (Abvtex), Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT) e Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados).
“Estamos felizes com o andamento do projeto, mas os desafios seguem enormes, tanto para as nossas representações sindicais como para as dos patrões. Temos de levar todo esse aprendizado para o local de trabalho, porque é lá onde se dá a descriminação”, disse Cida Trajano, presidenta da CNTRV.
Além de dirigentes das organizações signatárias do documento, como Edmundo Lima (Abvtex), Camila Zelezoglo (Abit) e Giliardi Gonçalves (Coletivo Nacional LGBTQIAPN+ da CNTRV), também participaram do evento as pesquisadoras do Dieese Laura Benevides e Luisa Cruz, os representantes da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Gabriel Vettorazzo, e do Labora/Fundo Brasil, Amanda Camargo, e dezenas de dirigentes sindicais do ramo do vestuário de várias regiões do país.
“É uma iniciativa superimportante porque estamos falando de dignidade das pessoas e também da necessidade de levantar esse debate que envolve um fator social, e que vem contaminado por um ranço da sociedade em relação à LGBTfobia. Esse debate precisa ser acolhido pelas empresas, e a Carta de Princípios concretiza essa intenção de aprofundar essa discussão”, disse o diretor-executivo da Abvtex.
Troca de experiências
Para o titular da Secretaria Nacional de Políticas LGBTQIA+ da CUT, Walmir Siqueira, a iniciativa desse projeto é de extrema importância não só para o ramo do vestuário, mas para a Central como um todo. Para ele, é muito bom ver um grupo de pessoas interessado em fazer formação e passar informação qualificada do tema, além de dar espaço para a comunidade LGBT mostrar suas necessidades.
“Entendemos a particularidade do ramo do vestuário, mas essa realidade existe em todas as categorias. A CNTRV está fazendo parte da história de luta pelo fim da LGBTfobia e esse momento é histórico também para a nossa central. Iniciativas como essa podem mostrar a todo conjunto de dirigentes sindicais que é possível fazer. Nossa ideia é divulgar ao máximo esse projeto para os representantes das CUTs estaduais e para outras confederações, não só para dividirmos experiências, mas também para incentivar o debate”, completa o dirigente.
O projeto “Nós Vestimos Todas as Cores” é considerado uma iniciativa inédita no setor industrial do movimento sindical brasileiro e teve início em 2020, inicialmente em parceria com o Solidarity Center, uma organização ligada à AFL-CIO, maior central sindical norte-americana. Para Cida Trajano, a conquista da Carta de Princípios representa um marco histórico na luta pelo combate à discriminação e à LGBTfobia nos ambientes de trabalho do ramo vestuário.
Ação sindical é nova etapa
Após a cerimônia de celebração de assinatura da Carta de Princípios, lideranças das regiões sul, sudeste e nordeste debateram formas e estratégias de seguir promovendo o combate à discriminação por razão de gênero ou orientação sexual diversa.
“O projeto é inovador e completo, pois abriu espaço de diálogo social, destacou a importância da formação dos dirigentes, e ainda gerou frutos durante o seu andamento. A LGBTfobia é um problema complexo e não apenas uma situação pontual no ambiente de trabalho e a comunicação com as bases é um compromisso dos dirigentes para fortalecer e enraizar o projeto”, destacou Laura Benevides, pesquisadora do Dieese.
No encerramento do encontro, Cida Trajano destacou que o evento de celebração da assinatura da Carta de Princípios não representa o encerramento do projeto, que deve ter continuidade através da ação sindical de base, no diálogo social com sindicatos patronais locais e na negociação de cláusulas específicas com vistas à proteção e ampliação dos direitos de trabalhadores e trabalhadoras LGBTs.
ta de Princípios
Veja reportagem da TVT sobre a assinatura da carta-compromisso