Trabalhadores na Arteb aprovam acordo negociado por sindicato e encerram protesto
Foram dois dias de paralisação para garantir acordo que possibilita recontratações, manutenção do convênio médico e o abono dos dias parados
Publicado: 28 Janeiro, 2021 - 17h31 | Última modificação: 28 Janeiro, 2021 - 19h18
Escrito por: Érica Aragão com apoio do SMABC
Os trabalhadores e as trabalhadoras na Arteb, uma tradicional fabricante de autopeças em São Bernardo do Campo, região metropolitana de São Paulo, decidiram encerrar o protesto contra as 200 demissões anunciadas pela empresa nesta semana, e aprovar o acordo negociado pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (SMABC), na tarde desta quinta-feira (28).
Em assembleia, eles decidiram encerrar a paralisação, que começou na última terça-feira (26), devido ao acordo que garante o pagamento de todas as verbas rescisórias dos 200 demitidos, recontratação de parte desses trabalhadores no segundo semestre, quando terá início o contrato com a Fiat, extensão do convênio médico até setembro, para os que foram desligados, e garantia de emprego pelo mesmo período, além do pagamento dos dias parados.
A fábrica que está em recuperação judicial chegou a anunciar que tinha a intenção de demitir metade dos 870 trabalhadores, com base na orientação de uma consultoria. Durante as negociações com o sindicato foi estabelecido que que não haverá mais demissões, além das 200 já realizadas.
“Nós também firmamos um compromisso com a empresa, assinado em papel, que ela vai trazer a mão de obra de volta quando começar a produzir para a Fiat, em setembro. Com isso, serão recontratados cerca de 50 trabalhadores. E, caso feche produção também com outra montadora, será possível recontratar quase todos os demitidos”, ressaltou o secretário-geral do Sindicato, Moisés Selerges.
Plano de Saúde e pandemia
Preocupada com a saúde dos trabalhadores durante a pandemia, a direção do sindicato também negociou a continuidade do convênio médico para aqueles que estão deixando a empresa agora.
“A gente tem que se preocupar com a nossa família, perder o emprego num momento como este significa perder um benefício importante que é o convênio médico. Conversamos com a empresa e ela se comprometeu que todos os desligados terão convênio médico estendido até setembro para que vocês tenham tranquilidade”.
Para garantir que todos os valores sejam pagos, o Sindicato estabeleceu na conversa que um imóvel do proprietário da empresa, no valor de 10 milhões, seja garantia de pagamento de todas as verbas rescisórias.
Economia e governo Bolsonaro
Moisés destacou que muitas empresas estão em situação econômica parecida com a Arteb, por falta de atitude do governo, que não apresenta um plano de política industrial.
“Não é só a questão da Arteb que está em recuperação judicial, mas da indústria como um todo, a indústria está dentro d’água porque este governo não tem política para indústria. Eles só querem plantar soja e milho pra dar pra boi comer, querem derrubar árvore e matar índio pra plantar soja. Precisamos lutar por uma política industrial séria que traga empregos”.
*Edição: Rosely Rocha