Escrito por: Érica Aragão com apoio do SMABC
Foram dois dias de paralisação para garantir acordo que possibilita recontratações, manutenção do convênio médico e o abono dos dias parados
Os trabalhadores e as trabalhadoras na Arteb, uma tradicional fabricante de autopeças em São Bernardo do Campo, região metropolitana de São Paulo, decidiram encerrar o protesto contra as 200 demissões anunciadas pela empresa nesta semana, e aprovar o acordo negociado pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (SMABC), na tarde desta quinta-feira (28).
Em assembleia, eles decidiram encerrar a paralisação, que começou na última terça-feira (26), devido ao acordo que garante o pagamento de todas as verbas rescisórias dos 200 demitidos, recontratação de parte desses trabalhadores no segundo semestre, quando terá início o contrato com a Fiat, extensão do convênio médico até setembro, para os que foram desligados, e garantia de emprego pelo mesmo período, além do pagamento dos dias parados.
A fábrica que está em recuperação judicial chegou a anunciar que tinha a intenção de demitir metade dos 870 trabalhadores, com base na orientação de uma consultoria. Durante as negociações com o sindicato foi estabelecido que que não haverá mais demissões, além das 200 já realizadas.
“Nós também firmamos um compromisso com a empresa, assinado em papel, que ela vai trazer a mão de obra de volta quando começar a produzir para a Fiat, em setembro. Com isso, serão recontratados cerca de 50 trabalhadores. E, caso feche produção também com outra montadora, será possível recontratar quase todos os demitidos”, ressaltou o secretário-geral do Sindicato, Moisés Selerges.
Adonis Guerra (SMABC)
Preocupada com a saúde dos trabalhadores durante a pandemia, a direção do sindicato também negociou a continuidade do convênio médico para aqueles que estão deixando a empresa agora.
“A gente tem que se preocupar com a nossa família, perder o emprego num momento como este significa perder um benefício importante que é o convênio médico. Conversamos com a empresa e ela se comprometeu que todos os desligados terão convênio médico estendido até setembro para que vocês tenham tranquilidade”.
Para garantir que todos os valores sejam pagos, o Sindicato estabeleceu na conversa que um imóvel do proprietário da empresa, no valor de 10 milhões, seja garantia de pagamento de todas as verbas rescisórias.
Adonis Guerra (SMABC)
Moisés destacou que muitas empresas estão em situação econômica parecida com a Arteb, por falta de atitude do governo, que não apresenta um plano de política industrial.
“Não é só a questão da Arteb que está em recuperação judicial, mas da indústria como um todo, a indústria está dentro d’água porque este governo não tem política para indústria. Eles só querem plantar soja e milho pra dar pra boi comer, querem derrubar árvore e matar índio pra plantar soja. Precisamos lutar por uma política industrial séria que traga empregos”.
*Edição: Rosely Rocha