Escrito por: Sindicato dos Metalúrgicos do ABC

Trabalhadores na Ford entram em greve

Por tempo indeterminado, metalúrgicos lutam contra demissões

Adonis Guerra
Assembleia dos trabalhadores na FORD nesta quinta (10)

Em assembleia realizada na manhã desta quinta-feira (10), os trabalhadores na Ford, em São Bernardo, decidiram entrar em greve por tempo indeterminado em reação às cerca de 200 demissões anunciadas ontem (9) pela a empresa. A medida foi tomada de forma unilateral pela montadora, sem negociação com o Sindicato. Os trabalhadores aprovaram a decisão pela greve por unanimidade.

O anúncio de demissões foi feito após o encerramento do prazo de adesão a um PDV (Programa de Demissão Voluntária), que ficou aberto por dois meses e não atingiu a meta pretendida pela empresa. O coordenador do Comitê Sindical na Ford e diretor do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, José Quixabeira de Anchieta, o Paraíba, afirma que ainda não é possível saber o número exato de trabalhadores atingidos: “Os trabalhadores foram comunicados ontem. Uma parte estava na fábrica, cerca de 80, e outra faz parte do grupo que está em layoff e em banco de horas. Eles estão sendo informados que estarão demitidos a partir de 21 de setembro”. 

Durante a assembleia, o dirigente reforçou que a decisão não foi negociada com o Sindicato e que demitir não é a solução, independentemente do número de atingidos. “A empresa não nos chamou para negociar, preferiu seguir outro caminho e enfrentará reação. Em 1990 fizemos 50 dias de greve contra a demissão de 100 companheiros. Não importa a quantidade de trabalhadores. Hoje são duzentos, mas a montadora já informou que terá de reduzir ainda mais a velocidade da linha de produção em janeiro, ou seja, amanhã o excedente pode ser ainda maior. A empresa precisa saber que não vamos admitir demissões. Vamos ficar parados até que ela revogue as demissões e volte a negociar”, afirmou Paraíba.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, ressalta que o anúncio surpreendeu a todos. “Não esperávamos demissões na Ford. Há mais de um ano vínhamos conversando com a fábrica e encontrando alternativas em conjunto para enfrentar o cenário adverso. Reconhecemos as dificuldades, a queda acentuada na produção, no entanto, não era necessária uma atitude dessa natureza. Sempre há espaço para negociação. Se a empresa decidiu conduzir desta forma, haverá reação”, ressalta.

Atualmente a Ford tem cerca de 4.300 trabalhadores em sua unidade em São Bernardo do Campo.  A empresa tem 160 trabalhadores em layoff, desde 11 de maio, e 59 afastados em banco de horas.