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Trabalhadores param por 24 horas e mandam recado contra abertura de capital na Caixa

Mobilização foi motivada principalmente pela abertura de capital da Caixa Seguridade marcada para a próxima quinta-feira

Publicado: 28 Abril, 2021 - 11h04 | Última modificação: 28 Abril, 2021 - 11h24

Escrito por: André Rossi

Twitter/spbancarios
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A paralisação na Caixa Econômica Federal promovida pelos bancários travou o atendimento em agências nesta terça-feira (27). O protesto de 24 horas foi motivado principalmente pela abertura de capital da Caixa Seguridade, marcada para quinta (29). Os trabalhadores reivindicam, ainda, contratação dos aprovados no concurso de 2014, mais proteção contra a covid-19 e pagamento integral da chamada PLR Social. “O Dia do Basta foi um sucesso. O nosso recado foi dado e ouvido por todos. Basta do desmonte da Caixa, da falta de empregados, da precarização na proteção contra a Covid-19, da falta de vacinas, do assédio moral, do desrespeito ao negociado, à jornada e da sobrecarga de trabalho, entre tantas práticas da Caixa que desrespeitam dos trabalhadores”, declarou Fabiana Uehara Proscholdt, coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) e secretária da Cultura da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT).

Na véspera, a direção do banco ingressou com pedido de tutela cautelar alegando que a mobilização seria abusiva, com cunho político e ideológico. No entanto, o juiz do Tribunal Superior do Trabalho (TST) Maurício José Godinho indeferiu o pedido e determinou que apenas os serviços de compensação bancária e pagamento do auxílio emergencial deveriam ser realizados, garantindo o direito de greve de 40% dos trabalhadores.

Repercussão

Balanço divulgado pelo sindicato de São Paulo, Osasco e região, que representa 25% da base nacional, aponta adesão média de 40% à mobilização de hoje. A CNN Brasil atestou a abrangência da paralisação. A emissora publicou nota afirmando ter tentado entrar em contato com ao menos 10 agências sem conseguir falar com nenhuma. Eles contataram unidades nas cidades paulistas de São Paulo, Osasco, Taboão da Serra e da região do ABC.

A paralisação na Caixa repercutiu no Congresso, com declarações públicas de apoio dos deputados federais Erika Kokay (PT-DF) e Waldenor Pereira (PT-BA), por exemplo. “Todo apoio aos bancários e bancárias da Caixa que amanheceram em greve por vacina, mais contratações e contra a privatização do banco que é patrimônio do Brasil e do povo brasileiro. Não toquem na Caixa”, escreveu a deputada brasiliense.

Privatização e descapitalização

De acordo com a categoria, a abertura de capital na seguridade, que responde por 45% do lucro do banco, significa o primeiro passo para a privatização e também vai causar descapitalização da ordem de um terço da estatal. Além disso grande parte do valor arrecadado será usado para antecipar a devolução dos chamados Instrumentos Híbridos de Capital e Dívida (IHCD). “Estes recursos não têm prazo para devolução, mas o presidente do banco já anunciou que vai devolver aproximadamente R$ 35 bilhões em onze anos”, explicam, em artigo conjunto, Juvadia Moreira, presidenta da Contraf-CUT, e Sergio Takemoto, presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae).

Pressão e PLR Social

Outro ponto que os bancários criticam é que a gestão Bolsonaro e Pedro Guimarães – presidente da Caixa – teve de suspender a abertura de capital em setembro do ano passado em razão da instabilidade do mercado provocada pela pandemia. Na ocasião, a operação estava avaliada em R$ 60 bilhões. Agora, com o agravamento da crise sanitária, o valor estimado despencou para R$ 36 bilhões. Diante dessa queda, a categoria denuncia que Guimarães está pressionando os empregados a comprar as ações, “o que obriga os trabalhadores praticamente a serem cúmplices da privatização da própria empresa e, consequentemente, da destruição dos seus empregos”.

Sobre a PLR Social, Jorge Furlan, diretor do Sindicato dos Bancários do ABC, explica que a Caixa pagou valor menor aos empregados. “O banco deu uma ‘tungada’ e deixou de pagar cerca de R$ 1,6 mil a cada empregado”. Dionísio Reis, do sindicato de São Paulo, Osasco e região, detalha: “a tabela apresentada pela Caixa, que só surgiu após o questionamento das entidades sobre o valor incorreto, não consta em Acordo Coletivo e nem mesmo em qualquer ata de negociação com a representação dos empregados. Além disso, segundo a própria Caixa, a tabela estipulada foi definida antes da pandemia, o que mostra o desinteresse em valorizar o trabalho social dos empregados, que em 2020 pagaram o auxilio-emergencial para milhões de brasileiros.”

Por fim, para se protegerem da covid-19, os empregados pedem que a direção da Caixa negocie com o governo a prioridade no Plano Nacional de Imunização. Argumentam que os empregados são os que mais sofrem risco de contaminação na categoria, porque são responsáveis pelo atendimento do auxílio emergencial e de todas as outras políticas públicas.