Trabalho com registro em carteira despenca e Brasil perde 661 vagas em junho
É a primeira vez no ano que o saldo é negativo. A última vez que as demissões superaram as admissões foi em dezembro de 2017, quando, logo após a aprovação da reforma trabalhista, o Brasil perdeu 328.539 vagas
Publicado: 20 Julho, 2018 - 17h38 | Última modificação: 23 Julho, 2018 - 11h22
Escrito por: Tatiana Melim
O governo ilegítimo e golpista de Michel Temer (MDB-SP), para aprovar apressadamente a reforma trabalhista, vendeu o discurso de que a proposta acabaria com o desemprego, abriria um milhão de novos postos de trabalho e faria a economia voltar a crescer.
Dois anos após o golpe de Estado que tirou do governo Dilma Rousseff, uma presidenta legitimamente eleita, nem mesmo a formalização do bico e das condições precárias de trabalho estão ajudando na geração de novas vagas no mercado de trabalho.
O Brasil encerrou o mês de junho com o fechamento de 661 postos de trabalho com carteira assinada, de acordo com o saldo entre contratações e demissões do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado nesta sexta-feira (20) pelo Ministério do Trabalho.
Foram registrados no mês 1.167.531 admissões e 1.168.192 desligamentos. É a primeira vez no ano que o saldo é negativo.
O último resultado negativo foi registrado em dezembro de 2017, quando, logo após a aprovação da nova legislação, o Brasil perdeu 328.539 empregos com carteira assinada.
Em abril, o País havia criado 121.146 empregos, mas em maio o número já havia caído expressivamente para apenas 33.659 postos de trabalho.
Para o presidente da CUT, Vagner Freitas, está cada vez mais claro que a reforma trabalhista, ao contrário do que foi vendido pelos golpistas, foi aprovada para acabar com os direitos da classe trabalhadora.
Segundo ele, além do fim da CLT e da legalização do bico e de formas fraudulentas de contrato de trabalho, a condução da política econômica é um desastre e tem agravado o cenário de desemprego e falta de expectativa da população brasileira.
O que gera emprego é crescimento econômico com distribuição de renda
“A recessão está destruindo as contas públicas e as famílias brasileiras estão sentindo isso no orçamento. O Brasil com Temer é o retrato da falta de esperança e do aumento do desalento”, completa o presidente da CUT, se referindo ao aumento de 194,9% no número de pessoas que desistiram de procurar emprego no primeiro trimestre de 2018 em comparação com o mesmo período de 2014.
Dados do IBGE mostram que o Brasil tem hoje 4,6 milhões de trabalhadores e trabalhadoras que sequer têm forças para procurar uma vaga no mercado de trabalho, depois de meses e meses de tentativas frustradas.
Além disso, são cerca de 27,7 milhões de trabalhadores subutilizados no País, o que inclui os 13,2 milhões de desempregados, as pessoas que gostariam e precisam trabalhar e aqueles que desistiram de procurar.
Pibinho de Temer
A condução da política econômica de Temer, criticada pelo presidente da CUT, fez com que as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) fosse revisadas para baixo novamente. Além da queda de quase -7% do PIB entre 2015 e 2016 e do crescimento pífio de 1% em 2017, o próprio governo reduziu de 2,97% para 1,6% a previsão de crescimento da economia brasileira em 2018.