Escrito por: Vitor Nuzzi, da RBA
"Há em Minas 700 barragens, todas avaliadas já em algum grau de risco. Precisamos saber se o protocolo de prevenção atesta (a segurança), e me parece que isso não está acontecendo"
O que aconteceu em Brumadinho (MG) foi uma "tragédia evitável", disse na manhã de hoje a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, que falou na necessidade de punição dos responsáveis e também da revisão das normas de segurança das barragens. Ela não citou o nome da Vale, mas admitiu a possibilidade de punição, inclusive, de executivos.
"Há em Minas Gerais 700 barragens, todas avaliadas já em algum grau de risco, e precisamos saber se essa avaliação corresponde à realidade. (...) Precisamos saber se o protocolo de prevenção de Brumadinho, de Mariana e de todas as demais barragens do Brasil atesta (a segurança), e me parece que isso não está acontecendo", afirmou, ao chegar para evento no Ministério Público em São Paulo sobre trabalho escravo.
Segundo a procuradora, é preciso dar uma resposta mais "célere" ao caso do que em Mariana, também em Minas. Naquela ocasião, se optou por tentativas de acordos que levaram a indenizações. Agora, se optou por ajuizar ações de bloqueios de valores – em um total de R$ 11 bilhões. "Este é um aprendizado decorrente de Mariana", observou. "Também é preciso ter uma responsabilidade séria do ponto de vista indenizatório da empresa que deu causa a este desastre e também promover a persecução penal de pessoas e indivíduos, que precisam ser responsabilizados por esta falha", acrescentou.
Raquel Dodge informou que se reunirá amanhã à tarde, em Brasília, com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, para tratar do assunto. Segundo ela, o objetivo é "definir prioridades" tanto do Ministério Público como do Judiciário em relação a ações e responsabilidade dos responsáveis. "Existe um culpado ou mais. Me parece que há uma cadeia de responsabilidades que precisam ser esclarecidas e bem definidas, para que todos neste caso sejam efetivamente responsabilizados. É muito importante que o sistema de administração de Justiça dê resposta eficiente a este caso."
Ela relatou que sobrevoou a região e pôde testemunhar que se trata de um "desastre de elevadíssima monta". "Tragédias como essa têm de ser prevenidas, este é o trabalho das autoridades públicas", disse, referindo-se também as vítimas. "As famílias estão muito preocupadas com os entes queridos. É preciso localizá-los, dar certeza sobre o paradeiro de cada um, mas é preciso também que elas tenham algum tipo de socorro."