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Trajetória de Lula é marcada pela solidariedade e apoio às vítimas de injustiças

Afirmação é de um escritor, político e militante que conheceu o ex-presidente quando era preso político, em 1979. Lula, que nem o conhecia, foi visitá-lo no presídio no RJ quando ele iniciou uma greve de fome

Publicado: 09 Maio, 2018 - 16h56 | Última modificação: 09 Maio, 2018 - 18h11

Escrito por: Denise Veiga, especial para o Portal CUT

Denise Veiga
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Entre os vários episódios que marcam a trajetória de luta e de vida do ex-presidente Lula, os mais marcantes para Perly Cipriano, 74 anos, estão relacionados à solidariedade de Lula com todos que são ignorados pelo poder público e acabam fazendo parte das estatísticas de fome e miséria, os que são presos por lutar contra injustiças e pela democracia, enfim, com todos que sofrem injustiças.

Amigo de Lula desde a década de 1970, Cipriano que é escritor, visitou o Acampamento Marisa Letícia esta semana e aproveitou para contar muitas experiências que teve com o ex-presidente e também lançar seu livro “Pequenas histórias de cadeia e Teias de solidariedade”, onde relata episódios de solidariedade que tanto admira no ex-presidente.

O mais especial deles, para o escritor, é o que aconteceu em 1979, em plena ditadura militar que governou o Brasil entre 1965 e 1985, período em que milhares de jovens que lutavam pela redemocratização do país foram presos pela polícia política que torturou, assassinou e despareceu com os corpos de centenas de militantes.

Cipriano era um dos presos políticos, encarcerado em uma prisão do Rio de Janeiro. Longe dali, na Região do ABC Paulista, Lula era uma liderança sindical em ascensão que, naquele mesmo ano, enfrentou a ditadura comandando um dos maiores movimentos de massa que o regime militar tinha visto – a greve da campanha salarial de 1979 que durou 60 dias.

O escritor se preparava para iniciar uma greve de fome que durou 33 dias quando foi surpreendido com a visita do líder sindical Luiz Inácio da Silva que foi à prisão prestar solidariedade e oferecer apoio ao preso político que ele nem conhecia.

Quando conquistou a liberdade, depois de cumprir dez dos 94 anos e oito meses a que foi condenado, Cipriano, que seguiu acompanhando as façanhas daquele nordestino obstinado e com um enorme senso de justiça e amor ao próximo e, portanto, sabia da criação do Partido dos Trabalhadores, só pensava em voltar ao estado onde vivia, o Espírito Santo, e acelerar a criação do PT em sua cidade.

“A primeira vez que ouvi falar de Lula foi na cadeia. Na época, fiquei encantado com a luta dele contra a ditadura, mas o que mais me impressionou foi a ideia de criar um partido. Sou da tradição marxista e sabia como criar, mas ele queria um partido diferente. Lula teve uma ideia genial nenhum partido no mundo nasceu como o Partido dos Trabalhadores (PT)”, diz o escritor.

Depois de ajudar na fundação do PT, Cipriano denunciou o crime organizado no Estado. Uma temeridade naquela época e também nos dias atuais. Não custa lembrar o que aconteceu com a vereadora do PSOL, Marielle Franco, que denunciava violência policial e a atuação de militâncias nas comunidades carentes e, por isso, foi assassinada no centro do Rio de Janeiro  

Mas o escritor não ficou sozinho. No dia do julgamento, outra surpresa: Lula foi ao Tribunal de Justiça do estado para apoiá-lo.

Essas e outras histórias dos momentos em que sua vida se cruzou com a de Lula, todas devidamente contadas no livro, estão encantando a militância acampada na Vigília Lula Livre, em Curitiba, aonde Cipriano chegou depois de horas e horas de viagem de ônibus para se solidarizar com aquele que tantas vezes foi solidário a ele.

Em 1989, outro momento marcante na vida do escritor e se sua ligação com Lula. Ele conta que aconteceu um acidente de automóvel, no Espírito Santo, onde a secretária de Lula, Beti Lima, e o ex-deputado Otaviano de Carvalho, em caravana pelo Estado morreram.

“Eu estava junto nesta caravana e com a explosão do carro sobrevivi com 35% do corpo queimado. Lula acompanhou minha recuperação no hospital. O primeiro telegrama, após recebeu alta do hospital estava assinado pelo Lula e sua equipe. Eles me ajudaram a ir à Cuba para tratamento. Ele sempre foi muito presente em minha trajetória de vida”, comenta.

Antes disso, em 1982, quando concorria ao governo do Espírito Santo, Cipriano conta que fez campanha com Lula.

”Nós fazíamos campanha juntos. Não conheço nenhuma outra pessoa mais solidária que Lula. Ele é diferente tem a consciência clara da luta de classe. É diferente de todas as outras pessoas que já conheci. Tem a capacidade de entender o momento”, diz.

Segundo ele, Lula é o mesmo seja falando em congresso dos cientistas que fazem parte da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) seja conversando e abraçando catadores de material reciclado.

Os carcereiros da Superintendência da Polícia Federal de Curitiba, onde Lula é mantido preso político desde 7 de abril, devem estar encantados com ele, acredita o escritor.

Ele mesmo ficou encantado com os vizinhos dos acampamentos que lavam vasilhas, cozinham, varrem ruas, cedem suas casas, entre outras várias atividades que fazem para colaborar com os acampados.

“Todos estão aqui porque são solidários a Lula. Eles não podem manter preso a esperança desse povo da nossa nação. Todos estão porque Lula mudou o rumo da história. Lula vai vencer, eu acredito”, disse Cipriano afirmando que todo o dinheiro arrecadado com a venda do seu livro será doado para a coordenação da Vigília Lula Livre.

Sobre Perly Cipriano

Em 1960 iniciou militância política no PCB e no movimento estudantil. Em 1964, ingressou na UFES no curso de odontologia. Em 1965, participou do Congresso da UNE em Valinhos, São Paulo. Foi preso pelo Exército no 31º Batalhão de Infantaria Em Vila Velha –ES.

Em 1966, foi eleito presidente do Diretório Acadêmico é levado para o Quartel da PM de Vitória durante uma greve na faculdade.

Em 1967, foi preso pelo Dops em Niterói RJ.

Faltando um mês para conclusão do curso, saiu do Brasil e foi para a Ucrânia antiga União Soviética estudar Direito Internacional.

Em 1969, retornou ao Brasil e passou atuar clandestinamente como militante da ALN – Ação de Libertação Nacional.

Em março de 1970 foi preso pela PM em Olinda PE, onde foi torturado e condenado a 94 anos e 8 meses de prisão politica, além da perda dos direitos políticos.

Em dezembro de 1979, saiu da prisão na condição de liberado condicional, portanto não anistiado e iniciou a criação do PT. Em 1980, tornou-se um dos fundadores do PT, partido pelo qual foi candidato a governador em 1982, depois foi chefe de Gabinete do Prefeitura de Vitória, eleito vereador de Vitória e deputado estadual, foi ainda secretário de Estado de Justiça e Cidadania.

Em 2003, assumiu a Subsecretaria de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos da SEDH/PR onde permaneceu até 2010. De 2011 a 2014 atuou como Subsecretário de Estado de Direitos Humanos do Estado do Espírito Santo.

É cidadão Mineiro por nascimento e Capixaba e Brasilense Titulos Concedidos pela Assembleia Legislativa do ES,e pela Câmara Distrital, Brasilia.

Foi candidato a prefeito de Vitória em 2016.