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Tribunal de Haia analisa queixa contra Bolsonaro por incitação ao genocídio

É a primeira vez na história vez que o Tribunal Penal Internacional avalia formalmente um chefe de estado brasileiro

Publicado: 15 Dezembro, 2020 - 11h49 | Última modificação: 15 Dezembro, 2020 - 15h01

Escrito por: Redação CUT

Marcelo Camargo/Agência Brasil
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O Tribunal Penal Internacional, com sede em Haia, na Holanda, está examinando denúncias contra o presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL) por "incitar o genocídio" e "promover ataques sistemáticos contra os povos indígenas" do país, segundo artigo do colunista Jamil Chade publicado no UOL.

De acordo com o jornalista, é a primeira vez na história que um chefe de estado brasileiro fica sob avaliação formal por parte do órgão internacional.

A análise do caso, que pode ou não se transformar em um inquérito, foi comunicada pelo Tribunal à Comissão Arns e ao Coletivo de Advocacia em Direitos Humanos (CADHu), segundo Jamil.

“O objetivo desta análise é avaliar se, com base nas informações disponíveis, os supostos crimes parecem estar sob a jurisdição do Tribunal Penal Internacional e, portanto, justificam a abertura de um exame preliminar sobre a situação em questão", explicou o órgão liderado pela procuradora Fatou Bensouda no comunicado.

"A análise será realizada o mais rápido possível, mas saiba que uma análise significativa destes fatores pode levar algum tempo", alertou. "Assim que for tomada uma decisão sobre se existe uma base para prosseguir, nós o aconselharemos prontamente e forneceremos as razões para a decisão", completa o texto transcrito pelo jornalista.

A informação não significa que uma investigação formal foi iniciada e nem que um indiciamento foi realizado. Mas a iniciativa é considerada como fundamental e um primeiro passo positivo, diz a matéria.

A denúncia foi apresentada no final do ano passado. Na queixa, os juristas alegam que Bolsonaro "decidiu destruir a Amazônia a pretexto de desenvolver a região" e que criou um "contexto intolerável de incitação à violência e à conflitos no campo", cenário este que prejudicaria diretamente os povos indígenas.

Os juristas listam na queixa mais de 30 atos do presidente que formariam o que os advogados chamam de "incitação ao genocídio". A lista inclui medidas provisórias e decretos, além de omissões e mesmo discursos.

Os incêndios também são amplamente mencionados. "Os incêndios, que ainda se perpetuam na região, geram um dano ambiental e social desigual e de difícil reversão", acusam. "Acompanham as pressões sobre a floresta e associam-se à disputa — frequentemente violenta — pela terra para empreendimentos agropecuários, grandes obras de infraestrutura, grilagem, garimpo e exploração de madeira. Tais atividades exercem grande impacto sobre a floresta e os povos que a habitam e vêm e vêm sendo ora estimuladas ora negligenciadas em seu potencial de degradação", diz o texto entregue ao tribunal.

Confira aqui a íntegra do texto.