Escrito por: Redação CUT

Trump anuncia, via Twitter, aumento de tarifa ao aço brasileiro

A desculpa foi a desvalorização da moeda brasileira. “Não é bom” para os fazendeiros norte-americanos, disse o presidente dos EUA sobre retomar as tarifas sobre importações de metais

Alan Santos/PR

Por meio de uma postagem no Twitter, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou, nesta segunda-feira (2), que vai aumentar as tarifas de importação do alumínio e do aço do Brasil. A medida afeta também a Argentina.

Trump defendeu a decisão de retomar as tarifas sobre importações de metais argumentando que os dois países “têm presidido uma desvalorização maciça de suas moedas” e que isso “não é bom” para os fazendeiros norte-americanos.

O presidente dos EUA disse ainda que o Federal Reserve (o Banco Central dos Estados Unidos) deveria agir para evitar que países se aproveitem do dólar forte para desvalorizar as suas moedas, pois afetaria a competitividade dos produtos de exportação norte-americanos. Na última sexta-feira (29) a moeda norte-americana voltou a subir atingindo o maior nível desde a criação do real em valores nominais (desconsiderando a inflação). O dólar comercial encerrou o dia vendido a R$ 4,241. Na última semana, a alta acumulada foi de 14% e, no mês, de 5,77%.

De acordo com o UOL, em entrevista a Rádio Itatiaia, Jair Bolsonaro disse que vai falar com Trump e  "tem quase certeza" de que o presidente dos Estados Unidos vai atendê-lo e voltar a atrás na decisão.

Bolsonaro, que adotou uma política externa de submissão aos EUA e já declarou admirar o comandante norte-americano que, segundo ele, o trataria como um aliado especial, parece ter sentido o golpe quando disse, na mesma entrevista, que a decisão de Trump é "munição" para seus opositores no Brasil, mas repetiu que vai conversar com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e com Trump sobre o assunto. "Não vejo isso como retaliação, espero que Trump tenha entendimento e que não nos penalize. Tenho quase certeza de que ele vai nos atender.".

Concessões sem contrapartida

O Brasil é o segundo país que mais exporta aço para os Estados Unidos. Semimanufaturados de aço e ferro brasileiros também ocupam o segundo lugar na balança de exportação aos norte americanos, ficando atrás apenas do petróleo.

Em março, em meio à guerra comercial com a China, o governo Trump impôs taxas de importação de 25% para o aço, e de 10%, para o alumínio. Em agosto, os norte-americanos afrouxaram as restrições para importação desses minerais do Brasil, Coreia do Sul e da Argentina. Empresas que comprovassem a necessidade de adquirir externamente tais matérias-primas, devido à escassez dos produtos no mercado interno, estariam livres da taxação.

O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, que disputou a eleição presidencial com Bolsonaro, disse que “o governo terá a oportunidade de medir os resultados da nova diplomacia da vassalagem”. Após viagem oficial de Bolsonaro a Washignton, também em março deste ano, o governo brasileiro realizou uma série de concessões aos norte-americanos, sem auferir as devidas contrapartidas.

No mesmo mês, o governo brasileiro liberou a exigência de visto para turistas norte-americanos, sem a reciprocidade devida. Com a promessa de integrar a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o país abriu mão do status de preferências tarifárias e tratamento especial nas negociações na Organização Mundial do Comércio (OMC). Em setembro, o ministério da Economia elevou de de 600 milhões para 750 milhões de litros a cota de etanol que poderá ser comprada no exterior sem a alíquota de importação de 20%, beneficiando mais uma vez os norte-americanos, principais concorrentes do Brasil nesse mercado. Em outubro, o governo Bolsonaro trabalhou para aprovar, na Câmara dos Deputados, o acordo que permite a utilização da Base de Alcântara, no Maranhão, pelos Estados Unidos.

Com apoio do Uol e da Rba