Escrito por: Redação CUT
A nomeação de Nívia, aprovada por meio de cota racial no concurso de 2016, foi questionada por candidata branca que alegou na Justiça ter direito ao cargo e ganhou a causa
Três anos após pedir exoneração de dois vínculos públicos para assumir, em 2018, o cargo de bióloga da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Nívia Tamires Souza Cruz, de 34 anos, aprovada por meio de cota racial no concurso de 2016, foi exonerada para dar lugar a uma candidata branca.
“É uma situação clara, para todo mundo, de injustiça. Foi algo extremamente violento. Mas a questão é maior que uma candidata que questiona a vaga: é sobre a estrutura e como as pessoas negras são lesadas”, disse Nívia à reportagem do Universa.
De acordo com a reportagem, a UFPE exonerou Nívea por determinação do Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5), que deu ganho de causa a uma candidata branca que entrou com ação alegando que ela é que tinha de ter sido nomeada para o cargo.
Nívea contou ao repórter Carlos Madeiro, que já tinha uma rotina de três anos no Departamento de Oceanografia quando foi exonerada e, agora sem os outros cargos públicos que tinha está numa situação difícil.
De acordo com a reportagem, que teve acesso ao despacho, os desembargadores do TRT-5 entenderam que “as cotas deveriam reservar 20% das vagas; e como no caso da disputa havia apenas duas vagas previstas, o critério para o terceiro colocado (chamado após a desistência do segundo) deveria ter sido da ampla concorrência, e não das cotas —que deveria ser chamada, no caso, em uma quarta posição”.
O reitor da UFPE, Alfredo Gomes, alegou que foi obrigado a cumprir a decisão judicial. Nívia recorreu com um mandado de segurança e espera a definição para voltar ao cargo, segundo a reportagem.
A defesa da servidora afirma que a decisão do TRF obriga a UFPE a nomear a outra candidata, mas não determina a exoneração de Nívia considerada “extremamente violenta" pela bióloga.
O Sindicato dos Trabalhadores da UFPE lançou nota de repúdio à exoneração e a deputada estadual Teresa Leitão (PT), defendeu a reinclusão dela no cargo no plenário da Assembleia Legislativa. Um abaixo-assinado também foi lançado cobrando que ela seja readmitida no cargo.