Umbaúba: População protesta contra ação da PRF que matou homem em "câmara de gás"
Moradores de Umbaúba, no Litoral Sul de Sergipe, interditaram um trecho da BR-101 para protestar contra agentes da PRF que trancaram homem no porta-malas de uma viatura e jogaram gás dentro
Publicado: 26 Maio, 2022 - 13h19 | Última modificação: 26 Maio, 2022 - 18h32
Escrito por: Redação CUT | Editado por: Marize Muniz
Moradores da região de Umbaúba, no Litoral Sul de Sergipe, interditaram um trecho da BR-101 na manhã desta quinta-feira (26) para pedir justiça por Genivaldo de Jesus Santos, homem negro de 38 anos, que morreu depois que agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) fizeram uma “câmara de gás” no porta malas de uma viatura e o trancaram dentro, nesta quarta-feira (25).
Análise preliminar feita pelo Instituto Médico-Legal (IML) desmente a versão que os policiais deram na delegacia de que a morte não teve relação com a abordagem, teria sido um mal súbito. O IML diz que o homem morreu por asfixia. “Vítima teve como causa mortis insuficiência aguda secundária a asfixia”. Confira abaixo a íntegra da nota.
Genivaldo teria esquizofrenia e estava com cartelas de remédios nos bolsos. A esposa, Maria Fabiana dos Santos disse, em entrevista à Rádio BandNews FM, que o marido, pai de um filho de 7 anos, “nunca fez mal a ninguém”, tomava os medicamento corretamente e “nunca teve problema, tinha uma vida normal. Era uma boa pessoa. Um bom marido, um bom pai, um bom amigo. Nunca fez mal a ninguém”.
Um sobrinho de Genivaldo afirmou que familiares tentaram a todo instante informar que a vítima tinha problemas cardíacos e mentais e que ela apenas perguntava "por que estão fazendo isso?".
A seccional Sergipe da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SE) cobrou celeridade nas investigações.
O corpo de Genivaldo foi velado nesta quinta-feira (26) no povoado Mangabeira, em Santa Luzia do Itanhy, na casa da mãe dele.
Nota do IML
"O Instituto Médico Legal (IML) informa que o corpo de Genivaldo de Jesus Santos deu entrada às 18h20 desta quarta-feira (25), tendo início o processo de identificação por meio da papiloscopia e em seguida encaminhado para o exame de necrópsia.
O IML detalha que foi realizada a necrópsia médico forense, sendo coletado o material de amostras biológicas de sangue, tecidos de alguns órgãos. O material foi encaminhado ao Instituto de Análises e Pesquisas Forenses (IAPF) para elucidar a causa imediata da morte.
Foi identificado de forma preliminar que a vítima teve como causa mortis insuficiência aguda secundária a asfixia.
A asfixia mecânica é quando ocorre alguma obstrução ao fluxo de ar entre o meio externo e os pulmões. Essa obstrução pode se dar através de diversos fatores fatores e nesse primeiro momento não foi possível estabelecer a causa imediata da asfixia, nem como ela ocorreu.
O IML identificou preliminarmente que os sinais e os vestígios presentes indicam de fato a asfixia. Os exames complementares vão ajudar o perito a chegar em uma conclusão de como se deu o processo de asfixia.
Após a conclusão dos trabalhos, os laudos serão remetidos à delegacia de Polícia Federal."