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UNE quer unidade contra projeto que autoriza mensalidades nas universidades

Recém-eleito, presidente da entidade rechaça projeto Future-se do Ministro da Educação, Abraham Weintraub

Publicado: 15 Julho, 2019 - 11h54

Escrito por: Patricia Portales, Brasil de Fato | São Paulo (SP)

Karla Boughoff/Cuca da UNE
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O 57º Congresso da União Nacional dos Estudantes (Conune) elegeu, neste domingo (14/07), seu novo presidente para os próximos dois anos: Iago Montalvão, de 26 anos, estudante da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP)

No pleito, o grupo consolidado por Iago, chapa 6 (Tsunami da Educação), alcançou 4.053 votos (70,92%) dentre os 5.715 votos válidos, ultrapassando as outras cinco chapas concorrentes.

As chapas 2 (São eles ou nós: que os capitalistas paguem pela crise) e 3 (Juventude que Batalha) retiraram as candidaturas durante a apresentação. A chapa 1 (UNE para Tempos de Guerra) obteve 200 votos (3,50%); a chapa 4 (Socialistas), 234 votos (4,09%); e a chapa 5 (Oposição Unificada para Derrotar o Governo Bolsonaro) ficou com 1.228 votos (21,49%).

Montalvão prometeu um mandato de unificação e manifestou o posicionamento de combate ao projeto Future-se, anunciado pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub. A proposta prevê a autonomia financeira para universidades, que deixariam de ser autarquias e, com isso, poderiam cobrar mensalidades.

O assunto foi um dos principais temas de debate no 57º Conune e gerou preocupação e promessas de mobilização entre os participantes.

"Esse é o projeto que estava em curso ao anunciar os cortes de 30%, intervir na indicação dos reitores e na autonomia das universidades: o desmonte da gratuidade. Para nós, o projeto é um imenso retrocesso", disse Montalvão.

A nova Diretoria será definida ao longo das próximas semanas e a posse está prevista para ocorrer no dia 11 de agosto, dia do estudante e também data em que a UNE completa 82 anos de existência.

Durante o pronunciamento de apresentação e defesa da chapa 6 (Tsunami da Educação), a atual presidenta da UNE, Marianna Dias, enalteceu o movimento que ocupou as ruas, nos dias 15 e 30 de maio.

Naquele momento, afirma Dias, estava sendo plantada uma semente. "quando os estudantes foram pras ruas, o Brasil viu que podia dormir e acordar com esperança", afirmou antes de apresentar seu sucessor.

Uma das metas da nova diretoria será tornar a educação uma pauta central de toda sociedade, para lutar contra a retirada de direitos. Mas para isso, acredita o presidente recém-eleito, é necessária a unidade dos setores progressistas.

"Eu queria dizer aqui também, olhando no olho de cada estudante neste plenário, e inclusive da oposição, dizer que apesar das nossas diferenças, é essa pluralidade que faz a UNE ser gigante. E é por isso que, saindo deste ginásio, nós precisamos estar unificados nas ruas!", disse Montalvão, também já conclamando aos estudantes para a grande mobilização do dia 13 de agosto.

Quem é Iago Montalvão

Ex-aluno de escola pública de Goiânia (GO) e ex-bolsista do CNPq, Iago Montalvão sempre foi entusiasta das atividades ligadas ao movimento político estudantil. O caminho que o levou à vice-presidência da UNE em Goiás foi calcado em etapas. Atuou como monitor do Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, no CNPq; e como diretor no Diretório Central dos Estudantes da UFG (Universidade Federal do Goiás).

Filiado ao PCdoB, o perfil de Iago é o de um universitário goiano que conhece na pele a realidade de cotistas e bolsistas e afirma ter consciência de que foi a existência desse sistema que viabilizou seu ingresso ao curso de História da UFG, onde estudou por três anos, e posteriormente à USP, onde atualmente cursa Economia.

Com esse histórico, o novo presidente se diz favorável a que a juventude se organize junto a partidos e às entidades estudantis, "porque essas organizações fazem parte da democracia brasileira. E quando a gente fortalece os partidos que têm trabalho no movimento social a gente fortalece a democracia."