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Unidade de ex-ministros alerta: política do meio ambiente de Bolsonaro é grave

Para CUT, além da vergonha mundial, medidas deste governo afetam diretamente a vida do trabalhador e da sociedade como um todo. É um verdadeiro crime humano e ambiental

Publicado: 10 Maio, 2019 - 09h11 | Última modificação: 10 Maio, 2019 - 09h33

Escrito por: Érica Aragão

EBC
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Uma unidade inédita e histórica, que juntou sete ex-ministros do Meio Ambiente, que comandaram a Pasta desde a redemocratização do país até o ano passado, promete mobilizar a sociedade contra as medidas do governo de Jair Bolsonaro (PSL) na área.

“A unidade dos ex-ministros é a maior prova do momento bizarro que vive a política brasileira e é a maior vergonha que nosso país está passando internacionalmente”, afirma o secretário do Meio Ambiente da CUT, Daniel Gaio, que considera fundamental o alerta que eles estão fazendo.

“É muito grave o momento que estamos vivendo”.

A união dos ex-ministros do Meio Ambiente, que representam mais de 30 anos de gestão ambiental, que tem como principal objetivo alertar a sociedade sobre o desmonte ambiental que as medidas do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, representam e para que todos se mobilizem para frear os ataques ao meio ambiente.

Para os ex-ministros, o ministério trabalha para punir quem combate o desmatamento. Por isso, está desmontando toda a equipe e estrutura de proteção ambiental que os últimos governos conseguiram criar de forma progressiva.

Desde a posse, Salles já mexeu ou está mexendo na alteração nas regras de licenciamento ambiental, alteração no Código Florestal que anistia multas ambientais e beneficia desmatamentos ilegais, bloqueio de 95% da verba para políticas de mudanças climáticas, desmonte da Política Nacional de Resíduos Sólidos, da prevenção e de incêndios florestais, corte nas verbas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), a liberação do uso de 166 novos agrotóxicos nos alimentos só neste ano.

Além disso, o ministro de extrema direita também está tentando destruir a agricultura familiar e a agroecologia, transferiu a Agência Nacional de Águas para o Ministério do Desenvolvimento Regional e extinguiu a Secretaria de Mudanças Climáticas, entre outras.

Segundo o secretário do Meio Ambiente da CUT, Daniel Gaio, são medidas que aceleram a contaminação da água, solo, impactam toda a sociedade e vão garantir aos ruralistas e grandes empresários a exploração do meio ambiente e da vida das pessoas em troca de muito lucro.  

“A flexibilização da liberação das licenças ambientais já está gerando impactos negativos, os rios estão sendo contaminados porque tem empresas que não estão tirando licença ambiental para poder fazer estação de minério ou utilização de químicos, seja na agricultura ou em outros setores”, alertou.

Papel da CUT

Segundo Daniel Gaio, a CUT tem o papel de denunciar e combater estas medidas que prejudicam o país e o mundo e que pode continuar matando trabalhadores e trabalhadoras, como ocorreu no maior acidente de trabalho da história, o crime da Vale em Brumadinho.

“Além da vergonha mundial, medidas deste governo afetam diretamente a vida do trabalhador e da sociedade como um todo. É um verdadeiro crime humano e ambiental”.

“Nós iremos denunciar toda destruição nas políticas ambientais brasileiras na Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU) em 2019, que será no Chile, em dezembro”, disse Daniel, que concluiu: “E vamos sair aos quatros cantos do país alertando a sociedade da importância da mobilização para salvar a vida do planeta e dos brasileiros e das brasileiras”. 

Medidas impactam a vida dos trabalhadores e das trabalhadoras

O processo de contaminação acelerado que o país vem passando vai impactar a vida dos trabalhadores e das trabalhadoras e de toda população em geral, que utiliza da água, que respira o ar e que come os alimentos. Além, da piora nas condições do trabalho.

“No setor da mineração os trabalhadores e as trabalhadoras estão cada vez mais vulneráveis porque não têm controle, estão sem fiscalização e eles fazem extração cada vez mais desprotegidos”, exemplificou Daniel, ressaltando que outras categorias também sofrerão os impactos das medidas do ministro de Bolsonaro para o meio ambiente.

Na agricultura a preocupação é com o aumento do uso do agrotóxico, que contamina toda terra e o ar, afetando a saúde dos trabalhadores que vivem no campo e os da cidade que consomem estes alimentos produzidos.  

Fora a falta de apoio à agricultura familiar, que produz 70% dos alimentos que chegam às mesas dos brasileiros, e à agroecologia. Esse descaso do governo com a produção de alimentos saudáveis vai contribuir para aumentar os preços dos alimentos e o êxodo rural.

“São muitas as consequências para os trabalhadores e as trabalhadoras do Brasil. É um verdadeiro desastre humano em forma de política nacional e não podemos permitir, ainda mais agora que ganhamos um reforço poderoso destes ex-ministros”, afirma Daniel Gaio.