Vagner Freitas destaca papel político, social e econômico do MST para o país
Na celebração dos 35 anos do MST, presidente da CUT falou sobre a importância do movimento para a formação política dos brasileiros. “A luta do MST e da CUT é essencial para os trabalhadores e para o país”
Publicado: 28 Janeiro, 2019 - 17h14 | Última modificação: 28 Janeiro, 2019 - 17h57
Escrito por: Andre Accarini
Criado oficialmente em 1984, o Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras sem Terra (MST) completou, no dia 21 de janeiro, 35 anos de luta por justiça, democracia e pelo direito à terra por meio de uma reforma agrária popular no Brasil. A celebração da trajetória do MST aconteceu no último sábado (25) na Escola Nacional Florestan Fernandes, em Guararema (SP), e contou com a participação de representantes da CUT, parlamentares, movimentos sociais e cerca de 400 militantes.
“Somos parceiros, irmãos gêmeos e o MST é um exemplo de combatividade e formação política não só para a militância dos movimentos sociais, como também para a sociedade brasileira”, afirmou o presidente da CUT, Vagner Freitas.
Vagner lembrou que a exemplo da trajetória da CUT, a história do Brasil também é contada pelas ‘páginas da luta’ do MST. Segundo ele, a luta do MST, assim como a da CUT, é essencial “para a classe trabalhadora e para o país”.
“Estamos falando de desenvolvimento sustentável, de luta por direitos, da qualidade dos quase 70% dos alimentos saudáveis, sem agrotóxicos, que chegam à mesa dos brasileiros e que vêm da produção da agricultura familiar e não do Agronegócio”.
O MST tem função política, revolucionária e também econômica para o Brasil
João Pedro Stédille, da direção nacional do MST, prometeu que o movimento “não vai abrir mão de continuar em luta, ocupando terra, dialogando com a sociedade, defendendo os direitos da classe trabalhadora e produzindo alimentos saudáveis”.
Stédille ressaltou a disposição de toda a militância do movimento para seguir em resistência e luta permanente.
Celebração
Além de parlamentares, representantes de movimentos populares, professores universitários, simpatizantes da organização participaram do encontro, segundo matéria da RBA.
Representando o Partido dos Trabalhadores, (PT), Rui Falcão destacou o papel do MST na organização e na luta da classe trabalhadora no país: “o MST surge numa década em que conseguimos derrotar a ditadura e agora, 35 anos depois, nos deparamos com outro tipo de ditadura, que que não coloca tanques e fuzis na rua, mas se associa com a mídia, com o judiciário e com o grande capital para retirar direitos do povo”.
Moisés Borges, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), reforçou o legado do MST na luta no país. “São 35 anos de história, 35 anos de luta, de organização e de exemplo para os movimentos populares, nessa capacidade incrível de se reinventar. Esse exemplo é o que faz com que a gente acredite que esse cenário político que vivemos hoje, será derrotado por nós”, disse.
Carta ao Povo Brasileiro
Durante o ato, o MST lançou um documento abordando a posição do Movimento na atual conjuntura política brasileira e internacional. Trecho da “Carta ao Povo Brasileiro” reafirma a estratégia: “Lutaremos pela democracia, pela justiça, pela igualdade, pela defesa dos bens da natureza, pela democratização da terra e pela produção de alimentos saudáveis para alimentar o povo brasileiro”.
A carta reforça ainda a solidariedade do Movimento ao Povo Venezuelano, na luta pela soberania dos povos em todo o mundo.
Confira a íntegra:
O Movimento Sem Terra celebra seus 35 anos de luta pela reforma agrária e por justiça social. Nascemos no final da ditadura civil-militar, junto com milhares de lutadores e lutadoras que defenderam a democracia e desafiaram o autoritarismo. Mais uma vez, reafirmamos nosso compromisso de lutar pela democratização da terra, pela produção de alimentos saudáveis, pela soberania popular e por uma sociedade emancipada.
Diante da crise estrutural do capital, com consequências graves e destrutivas para a natureza e a humanidade, nossas tarefas políticas se tornam ainda mais urgentes e necessárias. As saídas apresentadas pelo capital financeiro, nada tem a ver com as necessidades humanas, pois resultam em aumento da superexploração dos trabalhadores e trabalhadoras, através da precarização do trabalho, desmonte das políticas públicas, agressiva retirada de direitos e expropriações diversas, elevando de forma brutal, os níveis de desigualdade social. Para executá-las, o capital requer um Estado cada vez mais autoritário, voltado à repressão, violentando e perseguindo os mais pobres, promovendo um cruel genocídio da juventude negra.
Foi desta forma que os meios de comunicação, o poder judiciário, os bancos, os militares e o agronegócio, levaram ao poder, neofascista e ultraliberal, um capitão reformado que atua pelas formas mais baixas e vulgares da política, para manter os privilégios dos que historicamente saquearam o país e atacar diretamente os direitos da classe trabalhadora, através de ajustes fiscais, privatizações e subordinação da nossa economia ao capital internacional, principalmente dos EUA.
A subordinação das questões indígenas, fundiárias e ambientais aos interesses da bancada ruralista e do agrotóxico no Ministério da Agricultura; o desmonte da previdência social; a ameaça da entrega das empresas e bancos nacionais, como Petrobrás, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal; a liberação da posse de armas são algumas das políticas mortíferas adotadas por esse (des)governo, que colocam em risco a nossa biodiversidade e acirram os conflitos no campo atingindo frontalmente os indígenas, quilombolas, ribeirinhos, camponeses, assentados e acampados da Reforma Agrária e evidencia a característica antinacional e antipopular do atual governo.
É preciso ocupar as ruas e as praças denunciando a voracidade dessas políticas que aprofundam a expropriação e exploração capitalista.
Assim, nos comprometemos em lutar e defender todos e todas trabalhadores e trabalhadoras que tenham sua existência ameaçada. Seguiremos defendendo a soberania dos e povos e lutando contra qualquer tipo de ingerência política e/ou intervencionismo militar em qualquer país. Declaramos total solidariedades ao povo Venezuelano!
Nos solidarizamos com as famílias atingidas pela barragem de Brumadinho, vítimas de mais uma ação criminosa e reincidente da Vale, uma assassina protegida pelo poder judiciário.
Nos somaremos a mobilização das mulheres trabalhadoras no 8 de março, seremos zeladores do legado e a memória de Marielle Franco e de tantos outros companheiros e companheiras que tombaram, exigindo a punição dos seus assassinos e mandantes. Defenderemos a liberdade do companheiro Lula, cuja prisão política foi utilizada para que esse projeto fosse vitorioso nas eleições.
Nos comprometemos em fortalecer a Frente Brasil Popular e todas as iniciativas de luta da classe trabalhadora que confrontem a exploração, a subordinação e a opressão, nos somando na luta cotidiana das mulheres, da população urbana e camponesa, dos negros e negras, dos povos indígenas e dos sujeitos LGBT.
Lutaremos pela democracia, pela justiça, pela igualdade, pela defesa dos bens da natureza, pela democratização da terra e pela produção de alimentos saudáveis para alimentar o povo brasileiro.
Lutar, construir Reforma Agrária Popular!
Coordenação Nacional do MST