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Vaias e protestos na Conferência da Saúde das Mulheres

Ministro da Saúde foi recebido de costas pelas participantes, que deixaram a plenária quando ele começou a falar

Publicado: 18 Agosto, 2017 - 10h11 | Última modificação: 19 Agosto, 2017 - 15h42

Escrito por: Luciana Waclawovsky

Luciana Waclawovsky/CUT
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Mulheres formam o símbolo do SUS antes da abertura oficial da 2ª CNSM

As participantes da 2ª Conferência Nacional da Saúde das Mulheres mostraram, na noite desta quinta-feira (17), que os desmontes do Sistema Único de Saúde serão denunciados ao longo do encontro, que acontece em Brasília de 17 a 20 de agosto. Aos gritos de “golpista” e “Ricardo sai da mesa”, o atual ministro da Saúde Ricardo Barros (PP-PR) foi escorraçado pelas mais de mil mulheres que estavam presentes na plenária por ocasião da abertura oficial da atividade.

Enquanto apresentava o Power Point com imagens da primeira dama para ilustrar sua gestão, Barros teve a voz abafada com palavras de ordem críticas ao desmonte da saúde pública e à crise que o país se encontra, aprofundada pelas reformas promovidas pelo governo ao qual o titular da pasta representa. Ao não se constranger com as manifestações contrárias e prosseguir o discurso, as mulheres abandonaram a plenária e deixaram o empresário falando sozinho. Todas retornaram aos gritos de "Pisa ligeiro, Pisa ligeiro", em fileira, assim que Barros deixou a mesa de abertura.
 

 

Com o tema Saúde das Mulheres: desafios para a integralidade com equidade, as falas que antecederam o representante do governo ilegítimo reafirmaram que a luta de décadas para consolidar uma política de saúde estarão presentes ao longo de toda a conferência. Para o presidente do Conselho Nacional de Saúde, Ronald Ferreira, essa agenda trará muita energia para iluminar os momentos obscuros que a nação vive nos dias de hoje. “Não é à toa que democracia é um substantivo feminino e, portanto, trará esperança para todos nós”, disse.

Para a secretária nacional da Saúde do Trabalhador da CUT, Madalena Margarida, essa conferência tem um caráter diferenciado das outras: é a segunda que acontece após três décadas de resistência e lutas. “Nesse momento, a nossa expectativa é de resistência em defesa do SUS e da saúde das mulheres porque num momento de crise como esse a gente sabe que os impactos serão primeiramente sentidos nessa área”, avaliou.

A dirigente explicou que a 2ª Conferência Nacional da Saúde das Mulheres foi precedida de encontros municipais e estaduais desde o início de 2016, portanto ao longo do processo do golpe de Estado. Madalena esclareceu, ainda, que a CUT está fazendo o debate sobre os cortes do SUS desde o início deste processo. “Não participamos desta conferência de forma passiva ou compactuando com o governo. Aproveitamos esse momento para denunciar o desmonte do SUS e consequentemente todas as políticas de equidade como a PEC do teto, que é uma derrota da classe trabalhadora e dos usuários do Sistema Único de Saúde”.

Abertura paralela

Duas horas antes da abertura oficial, que já contava com a confirmação da presença do ministro da Saúde, a CUT em conjunto com outras centrais e movimentos sociais realizou manifestação na Esplanada dos Ministérios para protestar contra a participação de Barros na agenda e criticar o uso político da pasta que o ministro vem fazendo enquanto gestor.

De mãos dadas representando união e solidariedade, as mulheres desenharam o símbolo do SUS, mostrando que não será fácil passar por cima de anos de luta e resistência.

Durante a Conferência, que ocorre 31 anos após a primeira edição, serão discutidas propostas elaboradas nas etapas municipais, estaduais e livres. A programação vai até domingo (20) às 18h, quando será realizada a plenária final.

18 de agosto

8h30 às 12h (mesas concomitantes)

Eixo I – O papel do Estado no desenvolvimento socioeconômico e ambiental e seus reflexos na vida e na saúde das mulheres

• Celia Regina Nunes das Neves – Comissão Nacional de Fortalecimento das Reservas Extrativistas Marinhas do Brasil (COFREM)

• Ela Wiecko Volkmer de Castilho – Subprocuradora Geral da República

• Ministério da Saúde (aguardando confirmação)

Coordenação: Francisca Valda da Silva e Jupiara Gonçalves de Castro

Eixo II – O mundo do trabalho e suas consequências na vida e na saúde das mulheres

• Ivete Santos Barreto – Conselho Regional de Enfermagem (COREN)

• Maria Conceição Silva – União de Negros pela Igualdade (UNEGRO) e Conselheira do CNS

• Elionice Conceição Sacramento – Movimento Nacional de Pescadoras e Marisqueiras e Conselheira do CNS

Coordenação: Madalena Margarida da Silva e Maria Soraya Amorim

14h às 17h30 (mesas concomitantes)

Eixo III – Vulnerabilidades e equidade na vida e na saúde das mulheres

• Carmen Simone Grilo Diniz – Faculdade de Saúde Pública (USP) e GT de Gênero e Saúde (ABRASCO)

• Margareth Arilha – Núcleo de Estudos de População “Elza Berquó” (NEPO/UNICAMP)

• Maria Luiza Costa Câmera – Associação Bahiana de Deficientes Físicos (ABADEF)

• Keila Simpson – Presidenta da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA)

Coordenação: Heliana Hemetério dos Santos e Cleoneide Paulo Oliveira

Eixo IV – Políticas públicas para as mulheres e a participação social

• Ana Maria Costa – Centro Brasileiro de Estudos de Saude (CEBES)

• Maria de Lourdes Araújo Barreto – Rede Brasileira de Prostitutas e Grupo de Mulheres Prostitutas do Estado do Pará (GEMPAC)

• Alessandra Lunas – Coordenação Nacional da V Marcha das Margaridas

• Ângela Martins – Marcha das Mulheres Negras

Coordenação: Francisca Rego Araújo e Maria Esther de Albuquerque Vilela

19 de agosto

8h30 às 17h30 – 16 Grupos de Trabalho

Eixo I – O papel do Estado no desenvolvimento socioeconômico e ambiental e seus reflexos na vida e na saúde das mulheres (4 Grupos de Trabalho)

Eixo II – O mundo do trabalho e suas consequências na vida e na saúde das mulheres (4 Grupos de Trabalho)

Eixo III – Vulnerabilidades e equidade na vida e na saúde das mulheres (4 Grupos de Trabalho)

Eixo IV – Políticas públicas para as mulheres e a participação social (4 Grupos de Trabalho)

20 de agosto

8h30 às 9h30

Premiação dos Projetos “Laboratório de Inovação de Participação Social e Saude Integral da Mulher” – OPAS/CNS:

• Projeto “Passo a Pássaro” (PI)

• Projeto “TransformaDor: parir com amor, sem violência” (PA)

• Projeto “Barriguda” (RN)

• Projeto “Práticas de cuidado em saúde com trabalhadoras do sexo: extensão universitária desenvolvida pelo NUCED/UFC” (CE)

• Projeto “Mulheres da AP2.2: grupos de convivência, educação em saúde e geração de renda nas Unidades da ESF” (RJ)

• Projeto “Ambulatório Trans de Sergipe: Portas Abertas – Saúde Integral das pessoas trans: cuidar e acolher” (SE)

9h30 às 18h – Plenária Final e Encerramento