'Vale é responsável por crime', diz sindicato global que denunciou empresa
Entidade internacional de sindicatos da indústria se manifestou sobre o crime em Brumadinho (MG). "Vale não aderiu a advertências e mais uma vez mostrou descaso com a segurança"
Publicado: 29 Janeiro, 2019 - 09h12 | Última modificação: 29 Janeiro, 2019 - 10h41
Escrito por: Redação RBA
Para a federação internacional de sindicatos IndustriALL Global Union, a Vale é responsável pelo crime ambiental de Brumadinho (MG). “A Vale não conseguiu aprender com o passado. E agora seus trabalhadores estão pagando o preço final com suas vidas. Não pode existir mais pretextos”, disse o metalúrgico brasileiro Valter Sanches, secretário-geral da entidade, com sede em Genebra, Suíça, que representa mais de 50 milhões de trabalhadores em 140 países.
O desastre ambiental e humanitário de Brumadinho já deixou ao menos 65 pessoas encontradas mortas, 31 delas identificadas até agora e mais de 279 desaparecidos. Se trata de um crime reincidente, visto que há três anos, a cidade, também mineira, de Mariana, sofreu com o rompimento de duas barragens da Samarco, controlada pela Vale. “A Vale não aderiu a advertências e mais uma vez mostrou seu descaso com a segurança”, completou Sanches.
A IndustriALL já apresentou queixa contra a Vale na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). “Contra a Vale e a gigante de mineração britânica-australiana BHP (que também é controladora da Samarco), após o desastre da barragem de Fundão em Mariana. A falha da barragem de rejeitos em novembro de 2015 custou a vida de 19 pessoas e foi o pior desastre ambiental do Brasil”, afirma a entidade em nota.
A IndustriALL atua no caso contra a Vale em parceria com a Internacional dos Trabalhadores da Construção e Madeira (BWI). “A IndustriALL está convocando todas as empresas das cadeias de produção da Vale, incluindo produtores multinacionais de aço e automóveis, para compartilhar a responsabilidade por esse desastre e usar sua influência junto à Vale e ao governo do Brasil para garantir que nunca se repita”, acrescentou Sanches.
Para a entidade, a Vale “ignorou as diretrizes do Conselho Internacional de Mineração e Metais sobre a prevenção de falhas catastróficas nas instalações de armazenamento de rejeitos, liberadas. Além disso, não aderiu aos padrões de gestão de barragens de rejeitos definidos pelo padrão Irma (de Multi-Stakeholder Initiative for Responsible Mining Assurance, uma espécie de convenção internacional de gestão que estabelece garantias de gestão responsável da atividade mineradora)”.
A empresa dona da mina do Córrego do Feijão, complexo cujos problemas resultaram no crime de sexta-feira (25), disse hoje (28), por meio do advogado Sergio Bermudes, que “não vê responsabilidade” sobre o fato. “A Vale não vê responsabilidade. Nem por dolo, que é infração intencional da lei, nem por culpa, que é a infração da lei por imperícia, imprudência ou negligência. Ela atribuiu o acontecido a um caso fortuito que ela está apurando ainda”, disse.