Valor do botijão de gás compromete até 11% da renda dos mais pobres em São Paulo
Na Vila Carrão, onde as famílias podem pagar até por R$ 145 pelo gás, quem vive com meio salário mínimo gasta 24% da renda só com a compra do produto, segundo estudo do Instituto Pólis
Publicado: 30 Maio, 2022 - 12h24 | Última modificação: 30 Maio, 2022 - 20h58
Escrito por: Redação CUT | Editado por: Marize Muniz
O preço do botijão de gás de cozinha, que custa em média R$ 112,70 no país, mas pode chegar a R$ 160 em algumas cidades, chega a comprometer em até 11% a renda das famílias mais pobres da cidade de São Paulo, segundo um estudo realizado pelo Instituto Pólis, que levantou preços em 337 pontos de revenda da capital.
Se o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) mudasse a política de Preço de Paridade de Importação (PPI), adotada pela Petrobras no governo do ilegítimo Michel Temer (MDB), o botijão de gás poderia custar R$ 60, diz engenheiro da Petrobras.
Prova disso são os preços cobrados nos governos dos PT. Em 2008, quando Lula era presidente, o botijão custava, em média, R$ 33 e o gasto com esse item correspondia a 7,95% do salário mínimo. Em 2015, na gestão da presidenta Dilma Rousseff, um botijão custava R$ 45 e correspondia a 5,71% do salário mínimo.
Hoje, um botijão pode consumir até 24% da renda de uma família com rendimento meio salário mínimo (R$ 606), como mostrou estudo do Instituto Pólis, que encontrou o gás mais caro de São Paulo na Vila Carrão, bairro da zona leste, onde as famílias podem pagar até por R$ 145 para comprar o produto.
Já em uma casa com orçamento mensal de cinco salários mínimos (R$ 6.060), a fatia correspondente ao gás representaria entre 1,6% e 2,4% da renda - ou até dez vezes menos do que o custo do botijão para uma família que vive com meio salário mínimo.
Mulheres e negros sofrem mais com disparada de preços
O levantamento, divulgado pela colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, mostra ainda que a alta dos preços impacta de forma mais severa famílias lideradas por mulheres com renda de até um salário mínimo (R$ 1.212). Núcleos familiares que habitam regiões em que a percentagem da população negra é superior à média municipal, hoje de 37%, também sofrem mais.
De acordo com o estudo, o custo do gás não varia de acordo com o padrão de renda da população, Embora os maiores preços estejam concentrados em áreas de maior poder aquisitivo —chegando a custar, em média, R$ 132,50—, nos dois quintos mais pobres da cidade de São Paulo o preço médio do gás de cozinha é de R$ 122,56.
O gás mais barato foi encontrado no Jardim Vila Formosa, por R$ 100.
E, se em bairros de baixa renda, como Cidade Líder, Parque do Carmo e São Mateus, o botijão custa em torno de R$ 113, em outros bairros mais vulneráveis cada unidade sai por cerca de R$ 130. É o caso de Jaraguá, Tremembé, Guaianases e Grajaú.
Reajustes
O botijão de gás acumula alta de 32,34% em doze meses, de abril do ano passado a abril deste ano.
De acordo com a última pesquisa da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), divulgada no sábado (28), o botijão de 13 quilos pode ser vendidos por até R$ 160 em algumas cidades do país.