Escrito por: Redação CUT
Anúncio da nova cepa identificada na África preocupa cientistas e governos do mundo, no momento em que vários países registram aumento de casos de Covid-19 e a OMS alerta para uma possível quarta onda da doença
Em meio a piora da pandemia do novo coronavírus, com a Europa, Rússia, China e Alemanha registrando recordes de casos de Covid-19, uma nova variante do vírus, com múltiplas mutações e potencialmente mais contagiosa, foi detectada na África do Sul, país que já dá sinais de uma nova onda.
O anúncio foi feito nesta quinta-feira (25) por cientistas e pelo governo da África do Sul. Segundo informações, a linhagem B.1.1.529 do novo coronavírus foi identificada pela primeira vez em Botsuana, no sul da África, e em Hong Kong. Até o momento, não há registros da variante no Brasil.
A nova cepa gerou uma série de preocupações de cientistas e governos do mundo todo no momento em que vários países registram aumento de casos de Covid-19 e já se fala em quarta onda da doença.
Nesta sexta-feira (26), uma reunião da Organização Mundial da Saúde (OMS) busca identificar se há ou não gravidade nesta cepa, disse a diretora-geral de acesso a medicamentos e produtos farmacêuticos da (OMS), Mariângela Simão, em entrevista à CNN Brasil.
Uma outra preocupação é que o índice de vacinação contra a Covid-19 nos países africanos ainda é muito baixo, o que facilita a proliferação do vírus. A desigualdade na cobertura vacinal entre os países é um dos motivos que vem sendo apontados pela OMS como propulsor do aparecimento de novas variantes. No continente africano, por exemplo, apenas 1 em cada 4 profissionais de saúde está vacinado contra Covid-19.
A preocupação com a nova variante da Covid-19 identificada em Botsuana tem feito países considerarem novas medidas restritivas a voos nas fronteiras.
Nesta sexta-feira (26), pelo menos 10 nações já haviam anunciado bloqueios a países do sul da África.
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomendou que fossem implementadas medidas restritivas para voos e viajantes procedentes da região. Estão na lista os países África do Sul, Botsuana, Eswatini, Lesoto, Namíbia e Zimbábue.
No entanto, o Itamaraty informou, em nota, que ainda não tem posicionamento sobre a conduta que o Brasil deve adotar em relação à nova variante.
Na Europa, Itália, República Tcheca, Holanda e França anunciaram nesta sexta um novo rol de medidas restritivas. O ministro italiano da Saúde, Roberto Speranza, assinou uma ordem executiva proibindo a entrada de voos da África do Sul, Lesoto, Botswana, Zimbábue, Moçambique, Namíbia e Eswatini, afirma um comunicado.
Uma das principais preocupações dos cientistas com o surgimento de uma nova variante é descobrir se existe maior capacidade de transmissibilidade, o que pode levar a surtos da Covid-19.
Até o momento, ainda são necessários estudos aprofundados que possam responder a questão em relação à variante B.1.1.529. No entanto, especialista aponta que a linhagem tem apresentado uma ampla disseminação nas localidades onde foi detectada até o momento.
O rápido aumento no número de casos, ao longo de novembro, na província de Gauteng, onde fica a cidade de Joanesburgo, tem chamado a atenção das autoridades de saúde locais.
O Ministério da Saúde de Israel identificou nesta sexta-feira (26) a presença da nova variante da Covid-19 descoberta na África do Sul.
Segundo informação do ministério, um caso foi identificado em uma pessoa que veio do Malauí. Além deste caso já confirmado, há suspeita de mais dois casos vindos do exterior que aguardam resultados de testes.
As duas pessoas suspeitas estão cumprindo isolamento. O Ministério da Saúde informou que segue monitorando a situação do país diante da nova cepa.
Nesta quinta-feira (25), o governo de Portugal anunciou que o país volta em 1º de dezembro ao estado de emergência. De acordo com o comunicado, o governo pode tomar medidas para controlar os casos de Covid-19. O uso de máscaras continua obrigatório em locais fechados e o certificado de vacinação digital passa a ser exigido em hotéis, restaurantes e eventos
O país já traça um plano de medidas restritivas para as festividades de fim de ano. Entre as restrições está uma semana de confinamento no início de janeiro. As escolas só voltam a funcionar em 10 de janeiro.
Na 1ª semana do mês, bares e discotecas estarão fechados e o home office será obrigatório. A semana de 2 a 9 de janeiro será de “contenção de contatos” depois do período de Natal e Ano Novo.
Após um ano trágico, os números da pandemia entraram em queda em todo o país. Nas últimas semanas de novembro, as médias de casos, hospitalizações e óbitos por Covid-19 no Brasil alcançaram os índices mais baixos desde que começaram a ser medidos, em abril de 2020.
De acordo com os especialistas, isso se deve em parte à onda devastadora do primeiro semestre, que infectou muita gente e, por consequência, gerou um nível de imunidade considerável entre os que sobreviveram.
O respeito ao uso de máscaras e a manutenção de algumas medidas e políticas públicas, que mantiveram estabelecimentos com operação reduzida por boa parte do ano, também contribuíram.
Segundo os dados da vacinação no país, 131.649.449 pessoas tomaram a segunda dose ou dose única de vacinas, número que representa 61,72% da população.
Cerca de 158.447.349 pessoas, o que representa 74,28% da população, tomaram ao menos a primeira dose de vacinas.
A dose de reforço foi aplicada em 15.281.170 pessoas (7,16% da população).
Mortes e casos
De acordo com o Ministério da Saúde, foram registradas 303 novas mortes por Covid-19 no Brasil nesta quinta, totalizando 613.642 vítimas da doença no país.
O governo também registrou 12.126 novos casos em 24 horas. São 22.055.238 diagnósticos confirmados desde o início da pandemia.