Variante ômicron se espalha e pode reinfectar quem já teve Covid, diz OMS
Diante do avanço da ômicron, Organização Mundial de Sáude (OMS) reforça a necessidade da dose de reforço para idosos e pessoas com outras comorbidades
Publicado: 21 Dezembro, 2021 - 09h59
Escrito por: Tiago Pereira, da RBA
Na tarde desta segunda-feira (20), em entrevista coletiva, em Genebra, na Suíça, o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom, alertou para o risco da nova variante do coronavirus, a ômicron, causar infecções entre vacinados e pessoas que se recuperaram da covid-19. “Há evidências consistentes de que a ômicron está se espalhando significativamente mais rápido do que a variante delta. È mais provável que as pessoas vacinadas ou recuperadas da covid-19 possam ser infectadas ou reinfectadas”, afirmou.
Também alertando sobre os riscos da nova variante, a cientista-chefe da OMS, Soumya Swaminathan, classificou como “pouco inteligente” subestimar a gravidade da ômicron. “É provavelmente pouco inteligente relaxar e pensar que esta é uma variante leve, que não causará uma doença severa. Penso que, com os números subindo, todos os sistemas de saúde estarão sob pressão”, declarou.
Essa percepção da ômicron como mais leve, segundo ela, seria em função de um estudo realizado na África do Sul. O levantamento, feito por uma rede de saúde privada em parceria com o Conselho de Pesquisa Médica da África do Sul (SAMRC), identificou menor percentual de internação pela nova variante. No entanto, de acordo com a cientista-chefe da OMS, pode haver uma “impressão enganosa” devido aos altos níveis de imunidade causados pelas ondas de infecção que antecederam a ômicron.
Assim como o diretor-geral da OMS, Soumya disse que a variante está evitando com sucesso “certas respostas imunológicas”. Em função disso, ela orienta que os países que já estão aplicando doses de reforço devem priorizar pessoas com sistema imunológico mais fracos. Por outro lado, a cientista disse não acreditar que as vacinas contra a covid-19 “se tornarão completamente ineficazes”.
“Estragos” nos Estados Unidos
O conselheiro da Casa Branca sobre a covid-19, o médico Anthony Fauci também afirmou que “este vírus é extraordinário”, referindo-se à ômicron. Ontem (19), em entrevistas às principais redes de TV norte-americanas – CNN, NBC News, Fox News –, Fauci também alertou contra o excesso de otimismo sobre a suposta menor gravidade da variante. Ele insistiu para que os habitantes dos Estados Unidos se vacinem.
De acordo com o jornal The New York Times, cerca de 50 milhões de norte-americanos ainda não se vacinaram, ao mesm tempo em que sobram imunizantes no país. Para os que já tomaram as duas doses, Fauci apelou para que procurem também a dose de reforço.
Ele teme os “estragos” que a nova variante pode causar, tanto nos Estados Unidos, como ao redor do mundo. No hemisfério norte, o temor é com o provável aumento do números de novos casos, internações e óbitos com a chegada do inverno. As regiões do interior dos Estados Unidos representam risco ainda maior, em razão de concentrarem maior número de não vacinados.
Se medidas de prevenção não forem adotadas, Fauci prevê que os hospitais devem ficar “muito sobrecarregados” em duas semanas. Além da vacina, o médico destacou que os testes PCR também serão importantes aliados, para evitar que o Natal de 2021 repita a explosão de casos no ano passado.
A orientação é que as pessoas se submetam à testagem, caso pretendam comparecer a celebrações em ambientes fechados. Também sugeriu evitar reuniões se não houver certeza de que todos os convidados foram imunizados.
Cancelamentos e restrições
Em Nova York, os casos novos de covid-19 aumentaram 60% na semana encerrada no domingo, em relação à semana anterior. Durante esse período, três dias seguidos com recordes de casos. Na última sexta-feira (17), o estado registrou 21 mil novos casos, maior número em quase um ano. Diante do novo surto da doença, o prefeito de Nova York, Bill de Blasio, disse que acompanhará a situação nos próximos dias, para então decidir sobre a manutenção ou suspensão da tradicional festa de Ano Novo na avenida Times Square.
Em função do avanço da doença, a Liga Norte-Americana de Basquete (NBA) cancelou dois jogos que ocorreriam neste domingo (19). Chega a sete o total de partidas já suspensas, em função do aumento de casos de covid-19 em diversas cidades americanas. Entre casos confirmados e suspeitos, a entidade afastou 70 jogadores, de acordo com levantamento da rede de TV CBS. A lista inclui astros como como Kevin Durant e James Harden. Por sua vez, teatros da Broadway também suspenderam apresentações por pelo menos uma semana.
Ômicron no Brasil
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) confirmou, no início da tarde desta segunda, o primeiro caso da variante ômicron no Rio de Janeiro. De acordo com a prefeitura da capital, trata-se de mulher de 27 anos, residente em Chicago, nos Estados Unidos. Ela buscou atendimento em unidade de saúde municipal assim que chegou ao Brasil, na segunda-feira passada (13). A entidade divulgou hoje o resultado do sequenciamento genômico da amostra da paciente.
Também hoje, a Secretaria de Saúde de Porto Alegre confirmou dois novos caso da ômicron. Ao todo, chega a nove o total de casos confirmados da nova variante na capital gaúcha. Os dois casos são de viajantes procedentes do exterior, sendo uma moradora de Porto Alegre e a outra, turista. Em todo o país, as autoridades já identificaram 34 casos da ômicron. São Paulo lidera, com 18 infecções confirmadas.
Enquanto isso, o Brasil registrou nas últimas 24 horas mais 70 mortes pela covid-19. No entanto, como vem ocorrendo há mais de 10 dias, os números estão defasados. Novamente seis estados (Acre, Bahia, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Tocantins) não enviaram dados. Segundo os órgãos de governo, os problemas ainda decorrem da instabilidade no sistema do Ministério da Saúde desde um suposto ataque hacker.
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que o ConecteSUS deve voltar a funcionar na próxima quarta-feira (22). Com o apagão parcial de dados, o total de óbitos confirmados chegou a 617.873.
Além disso, em tais condições de insegurança de dados, as autoridades regionais confirmaram 2.094 novos casos no mesmo período. A coleta de dados é feita pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Os casos oficiais registrados seguem em torno de de 22,2 milhões (22.215.856).